Livro: Belle

Leasley Pearse
(5/5)
Editora Novo Conceito
2012
560 páginas

Sinopse: Londres, 1910. Belle, de 15 anos, viveu em um bordel em Seven Dials por toda sua vida, sem saber o que acontecia nos quartos do andar de cima. Mas sua inocência é estilhaçada quando vê o assassinato de uma das garotas e, depois, pega das ruas pelo assassino para ser vendida em Paris. Sem poder ser dona de seu próprio destino, Belle é forçada a cruzar o mundo até a sensual Nova Orleans onde ela atinge a maioridade e aprende a aproveitar a vida como cortesã. A saudade de casa — e o conhecimento de que seu status como garota de ouro não durará muito — a leva a sair de sua gaiola de ouro. Mas Belle percebe que escapar é mais difícil do que imaginou, pois sua vida inclui homens desesperados que imploram por sua atenção. Espirituosa e cheia de desenvoltura, ela tem uma longa e perigosa jornada pela frente. A coragem será suficiente para sustentá-la? Ela poderá voltar para sua família e amigos e encontrar uma chance para a felicidade? Autora # 1 bet-seller, Lesley Pearse criou em Belle a heroína de nossos tempos: uma mulher forte que luta por seus direitos em um mundo perigoso.

Opinião: O que dizer de Belle se não que se trata de um livro fenomenal?! Há tempos eu não ficava tão presa na leitura que não tinha vontade de largar o livro para nada. É um livro envolvente e quanto mais conhecemos a história, mais queremos nos agarrar a ela.
O livro começa bem inocente. Belle, apesar de ser criada dentro de um bordel não tinha a menor noção do que se passava nos quartos e qual era o trabalho de uma prostituta. A mãe de Belle, Annie, herdou o bordel da Condesa e o administra com ajuda de Mog, que é como se fosse uma mãe para Belle. Na maior parte do livro acreditamos que Annie não se importa com Belle e que o verdadeiro sentimento materno é o de Mog.
A inocência e pureza de Belle nos deixa chocados quando ela presencia um ato sexual. A autora não tem pudores para descrever a cena e a faz com tantos detalhes que nos colocamos no lugar de Belle, mesmo a narração sendo em terceira pessoa. Há palavrões e o nome real dos membros sexuais, sem floreios.
Aliás, Lesley é bem descritiva o livro todo. A descrição perfeita das cidades e do clima nos transporta diretamente para a época em que os fatos são narrados e é quase possível sentir os cheiros e as sensações térmicas.
O simples fato da inocente Belle presenciar um ato sexual já é chocante, mas além do ato, ela presencia a morte de Millie, que é a única menina da casa por quem Belle tem afinidade. Ou seja, logo no início do livro temos um choque duplo, mas enquanto ficamos sentindo pena de Belle, ela se mostra forte o bastante para suportar tudo isso e continuar sua vida.
Até essa parte, a história ainda é morna, pois estamos apenas conhecendo os personagens e o ritmo da narrativa é mais descritiva. Mas quando Belle é sequestrada pelo assassino de Millie, a história fica mais dinâmica.
Belle é sequestrada e vendida para um bordel na França, onde é estuprada por cinco homens diferentes. E não pense que por se tratar de uma violência contra uma “criança” (lembrando que a história se passa em 1910!) que a narrativa é mais suave, não é! A autora descreve os atos sexuais com detalhes, com todo sofrimento e angústia de Belle. Não só isso, nos capítulos posteriores ela também descreve também os prazeres e delírios da protagonista. Então fica o aviso: o livro é repleto de cenas de sexo. Tanto repulsivas quanto prazerosas e todas descritas sem maiores pudores. A história se passa em 1910, mas a linguagem em relação ao tema é bem atual.
Depois que Belle é sequestrada os capítulos são divididos. Alguns retratam Belle e suas experiências e outros mostram as pessoas que estão procurando por ela.
Mog se torna bem ativa após o desaparecimento de Belle e comeeça a se movimentar para ir atrás da menina. Nesse momento, entra em cena Noah, um jornalista, que por gostar de Millie começa a investigar o assassino da garota para prendê-lo e descobrir o paradeiro de Belle.

– O que é o amor? – perguntou Noah com um sorriso. – Se é pensar em alguém o tempo todo, sem conseguir comer, dormir ou pensar em qualquer outra coisa, então, sim, eu a amo. Mas acho que meu pai diria que o que sinto é desejo. (p. 252)

De Paris, Belle é levada para Nova York e de lá para Nova Orleans. Notamos não apenas a mudança de ambiente, como também no comportamento da menina. Ela amadurece em todos os sentidos e apesar de tudo o que acontece não sentimos pena dela, pois ela é tão forte que não nos dá essa oportunidade.

Nenhuma mulher pode passar pelo o que ela passou e não ser afetada por isso. Você diz que Jimmy a ama, mas amor nem sempre é suficiente. (p. 450)

A morte não é solução, é apenas a maneira de os covardes escaparem da dor. O mais corajoso a fazer é deixar o passado para trás, que é o lugar dele. (p. 483)

Apesar de ser um pouco diferente, a todo momento eu me lembrava de Memórias de uma gueixa. Talvez seja o fato de que Belle, assim como Chiyo/Sayuri, queria ser a melhor das melhores e aprendia tudo que podia e perguntava a todos como isso poderia ser possível. Ambas são personagens fortes e inteligentes e aproveitaram todas as oportunidades oferecidas.
Outra história que achei parecida foi Cruzando o caminho do sol, por causa da temática (tráfico sexual de pessoas).
Eu achei impossível ler sem fazer comparação com esses dois livros, mas não reclamo, pois todas as três histórias são lindas, comoventes e merecem ser lidas.

É claro que era vergonhoso ela esperar que os dois pudesse ter um futuro juntos logo após ouvir sobre uma tragédia tão terrível, mas por que o destino os tinha reunido se não fosse por isso? (p. 494)

Se alguém é seu melhor amigo, alguém que você não quer perder e que você deseja, e isso não amor, o que é? (p. 552)

Quanto ao design, a capa apesar de bonita e retratar bem a personagem não é muito chamativa. Gostei do muito do título em alto relevo e dos detalhes com brilho.
Em relação à diagramação só tenho elogios! O livro é lindo e o início dos capítulos ficou perfeito com o rebuscado. Também gosto quando as frases iniciais do capítulo são em caixa alta. No geral, gostei muito do miolo e da fonte utilizada.
A única alteração que eu faria seria em relação ao início dos capítulos, pois gosto quando eles são todos iniciados na página da direita (mas isso é um TOC meu).

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5 Comentários

  1. Oi Poly

    já tinha visto esse livrão da NC em muitas fotos e na Bienal, mas nunca sequer tinha parado pra ler a sinopse
    achei a história bem diferente, e pelo que vocês escreveu é um livro ótimo, pois mais de 500 páginas serem capaz de prender a atenção não é pra qualquer livro.

    adorei a resenha!

    megaa bjoo
    ;**

  2. Poly :)
    Como vai?
    Acho que é uma das primeiras resenhas que lio deste livro *-*
    Adorei conhecer *-*
    A capa é bela mesmo,chama atenção até pela simplicidade sabe? >.<

    Hum…mas tem 560 páginas? Acho que nunca li um livro com tantas páginas (bateu o "Honorato" preguiçoso falando aqui KKKKKK)

    Beijos e cuide-se

  3. Oie :)
    Menina, menina, não tinha ideia que esse livro era tão intenso assim!
    Primeiro fiquei surpresa pelo tamanho dele e depois por tudo isso que falou, confesso que não estava com vontade de ler, mas depois da resenha quero ele para mim, quero ser surpreendida e ser arrebatada também rsrs
    Vou participar de alguns sorteios vai que ganhei^^
    beliscões

  4. Posso dizer que amei? Que me arrependi quando pensei em comprar esse livro e até peguei ele, mas desisti na hora de registrar no caixa? Posso dizer que sou burro?

    MEU DEUS! Esse livro deve ótimo. Sua resenha só me deu mais vontade de correr atrás de uma livraria e comprá-lo agora, pena que as livrarias daqui são fechadas no domingo. Snif, snif!

    Eu gosto de livros assim: que envolvem o leitor do início ao fim e mesmo com algumas partes não tão boas o leitor não desiste da história. Eu necessito desse livro.

    Bjs!