Livro: O que o dia deve à noite

Yasmina Khadra
Editora Argumento
2011
1ª edição
392 páginas
(5/5)
Sinopse: Argélia, década de 1930. Younes tem apenas nove anos. Seu pai, arruinado por dívidas, perde suas terras, é obrigado a se mudar para Orã e decide dar o filho para o tio, um farmacêutico integrado à comunidade francesa da cidade. Younes, rebatizado de Jonas, cresce entre os meninos franceses, de quem se torna companheiro inseparável. Eles compartilham descobertas, sonhos e medos que nem a Segunda Guerra Mundial ou o nacionalismo árabe conseguem perturbar. Até o dia em que Émilie volta à cidade. A história de amor que havia começado anos antes renasce e, junto com a revolução de independência, desafia os limites da coragem, da amizade e da lealdade.
O autor: Yasmina Khadra, ou Mohamed Moulessehoul, nasceu em Kenadsa, no Saara argelino, em 10 de janeiro de 1955. Seu pai, um oficial da ALN, o braço armado da FLN (Frente de Libertação Nacional), lutou pela independência da Argélia na guerra de 1954-1962 e queria fazer dele um soldado antes de tudo. Apesar de ter começado a escrever ainda na juventude, Khadra tornou-se oficial do exército, onde serviu durante 36 anos. Em 1997, ao publicar Morituri, adotou o nome da mulher como pseudônimo literário, afim de ter mais liberdade para abordar, nos livros, seu tema preferido: a irracionalidade da intolerância e das guerras. Logo depois, abandonou a carreira militar para se dedicar integralmente à literatura. Hoje é autor consagrado pela crítica e pelo público no mundo inteiro. Seus romances já foram traduzidos em 33 línguas.
Opinião: Eu comecei a ler porque eu achei linda a sinopse e a narração na contra-capa:
“Sua outra mão agarrou meu ombro livre.
Procurou alguma coisa no fundo de meu olhar. Nossos narizes quase se encostavam e nossos hálitos se misturavam. Eu jamais o tinha visto nesse estado, exceto talvez no dia em que foi procurar Germaine para anunciar que o sobrinho seria, dali em diante, filho deles.
– Se uma mulher amar você, Younes, se uma mulher amar você profundamente, e se você souber reconhecer a imensidão desse privilégio, nenhum deus chegará a seus pés.
Antes de subir para o escritório, ele completou, com a mão no corrimão da escada.
– Vá atrás dela… Um dia, sem dúvida, poderemos ir a outros planetas, mas nem todas as glórias da Terra vão consolar aquele que deixar escapar a verdadeira chance de sua vida.
Eu não o escutei.”

Mas não imaginava que iria gostar tanto assim da leitura.
O início da história conta a infância do Younes, da sua vida com a família no campo, a mudança para a cidade e como ele foi morar com o tio farmacêutico. Younes veio de uma família árabe e ao ser adotado pelo tio passou a adotar o cristianismo, religião de sua “nova mãe”.
Eu não sabia nada da Argélia até ler esse livro. Nem que tinham muçulmanos, nem que foi colônia da França e foi fascinante descobrir tantas coisas sobre esse país que eu nem me dava conta que existia no mapa. E ao começar a leitura, por causa dos muçulmanos, achei que seria como um desses livros que se passa no Afeganistão, contando diretamente o drama dos conflitos e tudo mais. Mas me surpreendi.
A narração é em primeira pessoa, descrevendo com nítidos detalhes a juventude do jovem Younes/Jonas.
Jones cresce na parte francesa da Argélia, junto com os meninos franceses (pieds-noirs): Jean-Christophe, Fabrice e Simon. Os quatro são inseparáveis e compartilham alegras, sonhos, medos e, inclusive, romances.
É linda a amizade deles. Não é perfeita, é cheia de altos e baixos, eles se separam e se reencontram, mas o melhor de tudo é que o sentimento deles não muda. Achei muito verdadeira essa descrição, é uma amizade real, que sobre com o tempo e a distância, mas nem por isso acaba.
O ponto central da história é o amor que Jonas sente por Émilie e que Émilie sente por ele. Depois que ela entra na história, tudo que acontece é relacionado à ela, principalmente a mudança do comportamento de Jonas.
Achei ele um babaca idiota por ter renunciado a tanta coisa só para cumprir a sua palavra. Por mais que o tio o tivesse avisado que “o amor supera tudo”, ele preferiu se apegar a uma promessa e levá-la até o fim.
No meio disso tudo, começa a guerra da libertação dos muçulmanos, que querem a idependencia da Argélia. As coisas mudam na cidade onde Jonas e seus amigos viveram a juventude, Río Salgado e o caos toma conta do país.
Como Jonas é bem imparcial em relação à guerra, como em tudo, a narração dessa parte foi bem “superficial”. Só mostra o ponto de vista dele, o que ele presenciou, sem maiores detalhes ou explicações sobre o que se passava no país. Achei que isso deu mais realismo à história.
Me senti lendo uma carta de alguém que vivenciou a guerra, mas sem maiores especificações, como se tivesse pesquisado tudo em um livro de história.
E o fim não foi como eu esperava, mas eu gostei e me emocionei mesmo assim. A história é belíssima e, independentemente do final, o livro vale a pena ser lido.
Destaque especial para os trechos nos quais o tio do Jonas descreve as mulheres: maravilhosos!

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6 Comentários

  1. Bem interessante sua opinião sobre o livro, me interessei bastante, principalmente por não ficar narrando muitos fatos sobre guerra… Ainda mais por ser uma coisa mais pessoal, só dá certo narrar a guerra objetivamente se o cara foi um historiador ou algo assim XD
    Mas fiquei bem curioso mesmo por essa história, vou ver se tem na biblioteca daqui (duvido :W)

  2. nossa, quando li a sinopse também já fiquei morrendo de vontade de ler^^
    aí quando li sua resenha gostei mais ainda… realmente deve ser muito emocionante.. vou colocar na minha listinha^^

    megaa bjoo
    ;**

  3. Desde o caçador de pipas tenho me interessado bastante nos livros sobre o Afeganistão e afins! Não conhecia esse, quando a minha pilha der uma baixada vou ver se compro!

    Beijinhos ;*

  4. Nossa, nunca ouvi falar nesse livro, mas parece ser muito bom mesmo, a história é diferente e pelo jeito a narrativa é legal ^^

    Bjs <3