Livro: Uma Mulher No Escuro

Raphael Montes
(4.5/5)
256 páginas
Companhia das Letras
2019
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Quando tinha quatro anos de idade, um homem invadiu a casa em que Victoria Bravo morava e matou sua família a facadas e pichou o rosto deles com tinta preta. Ela foi a única sobrevivente e até hoje, vinte anos depois, ainda vive com os traumas do passado.

Ela é uma jovem solitária e tímida, com dificuldades em se relacionar e que mora na Lapa, Rio de Janeiro. Seus únicos amigos são seu médico psiquiatra, sua tia avó e Arroz, um cara que ela conheceu em um fórum de The Sims e com quem ela nunca estabeleceu uma relação mais profunda (nem o nome verdadeiro dele ela tinha interesse em saber).

Mas quando ela achou que tudo começava a dar certo na sua vida. Ela estava estável com os novos medicamentos, não bebia mais, o emprego de garçonete pagava as contas e tinha começado a dar uma chance para um escritor que conheceu no trabalho, o passado resolveu bater à sua porta da forma mais assustadora possível: o Pichador (como ficou conhecido o assassino de sua família) estava de volta e deixando recados diretos para ela.

Victoria vai à polícia, mas o delegado do caso também não tem pistas nenhuma. Ela então inicia uma investigação própria, que é também uma jornada de autoconhecimento e amadurecimento. Nessa jornada, ela descobre que desvendar o passado pode ser mais assustador que ficar de frente com o assassino.

Eu dei nota 5, mas eu não achei o livro Uma Mulher No Escuro perfeito. É bom? É bom. Te prende do início ao fim? Te prende do início ao fim. No entanto, não vá esperando um Stephen King. Tem vários suspeitos no livro e o tempo todo a gente se questiona quem pode ser o assassino, mas eu matei a charada no início.

Não é tão óbvio de adivinhar, mas mesmo se você descobrir, o maior plot do livro não é este. E eu fiquei chocada quando eu descobri que o maior acontecimento da história não era descobrir quem era o assassino, mas sim o motivo pelo qual ele cometeu o crime.

E essa parte do livro é totalmente asquerosa e pode dar um monte de gatilho. Felizmente, não entra em muitos detalhes ou descrições, só fala mesmo o que aconteceu, mesmo assim envolve crimes sexuais e pedofilia, então é pesado.

Como é uma leitura rápida, a gente não se apega muito aos personagens e na hora não fica pensando muito ou refletindo sobre os acontecimentos, mas se formos analisar mais à fundo, fazer uma discussão mais aprofundada, toda problemática vem à tona. Sugestão: só leia sem pensar e sem se envolver.

O livro foi para o clube de Leitura Virtual, mas eu devorei em três dias de tão fluída que é a leitura e precisei segurar essa resenha o mês inteiro (li Uma Mulher No Escuro no início de Outubro e o debate só aconteceu agora, em Novembro e eu não podia postar aqui antes de conversar lá).

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Livro: Anne de Green Gables

Lucy Maud Montgomery
(4.5/5)
336 páginas
Tradução de João Sette Camara
Ciranda Cultural
2020
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Os irmãos Marillia e Matthew tinham a intençãode adotar um menino para ajudá-los a cuidar da fazenda de Green Gables. Por engano, uma menina foi enviada no lugar. Com pena da pobre órfã, Marillia e Matthew decidem ficar com Anne e descobre que ela é diferente de todas as outras crianças que já conheceram. Com grande imaginação e cabelos muitos ruivos ela não consegue ficar muito tempo sem falar e esem se meter em confusões. Anne traz reflexões e pensamentos persistentes sobre as escolhas da vida.

Quem assistiu à série da Netflix, saiba que só neste livro, todas as histórias das três temporadas foram abordadas. O livro é o primeiro da série Anne de Green Gables e começa com a adoção da Anne, uma menina pré-adolescente e termina com ela já uma jovem, com 16 anos. Há algumas pequenas mudanças (não vou falar para não dar spoiler nem do livro, nem da série, mas acredito que deva ser por causa da não renovação da série. Já que tem muito mais coisas para acontecer na vida de Anne).

Anne de Green Gables me lembrou muito Poliana, de Eleanor Porter, que eu li quando ainda era criança. Tanto Anne quanto Poliana são crianças órfãs, que vão morar com adultos mais velhos que nunca tiveram filhos e que apesar de serem crianças que passaram por situações difíceis na vida, ainda conservam a pureza e a doçura da infância. Elas conseguem ver alegria nas pequenas coisas.

A descrição do quarto da Anne e das coisas que ela tinha era tão simples, mas mesmo assim, ela via tudo com tanta alegria e contentamento. Ela ficava feliz com o nascer do sol em uma paisagem ou em saber que existia uma árvore florida. E acho que o livro traz uma mensagem tão bonita. A gente fica procurando a felicidade em coisas caras e distantes, enquanto que ela pode estar bem na sua janela.

Por já conhecer a história da série, em alguns momentos eu fiquei entediada com a história. Em outros, eu achei que correu rápido demais. O final eu achei que não precisou correr tanto. Em 336 páginas falou de 5 anos da vida da menina, mas pelo menos a metade foi só o primeiro ano, então a divisão ficou estranha.

Como eu estava com preguiça e esse livro acabou me dando uma ressaca, eu coloquei o aplicativo da Alexa para ler para mim enquanto eu pintava e foi a melhor ideia que eu tive. Em dois dias terminei a leitura, que por conta própria levaria semanas.

Inclusive, dica de ouro: nem precisa ter Kindle ou Alexa, basta baixar os dois app no celular. Aí você abre o app da Alexa e pede para ela continuar a leitura no dispositivo atual (seu celular) e ela vai ler o livro para você. Não é um audiolivro perfeito, mas dá para quebrar o galho.

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Livro: A Trança

Laetitia Colombani
(5/5)
Intrínseca
208 páginas
2021
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A Trança conta a história de três mulheres incríveis, cada uma em um continente diferente, tentando vencer suas batalhas diárias e com uma enorme sede de liberdade.

Na Índia, está Smita, uma intocável, membro da casta mais inferior do país. Seu sonho é que sua filha escape do seu darma e tenha acesso à educação. Na Itália, Giulia trabalha como ajudante na oficina de cabelos do pai, mas quando ele sofre um acidente, ela precisa assumir o comando e descobre que o negócio está à beira da falência. Já no Canadá, vive Sarah, uma renomada advogada, mãe de três filhos. Quando está prestes a ser promovida no trabalho ela descobre uma terrível doença.

Sem saber, as três estão conectadas, assim como as tramas de uma trança.

Três histórias. Três mulheres fortes. Três destinos que se cruzam inesperadamente. Uma história envolvente e emocionante que fala sobre esperança e solidariedade.

Por dentro, está em frangalhos, mas ninguém sabe disso.

P. 79

Li A Trança como leitura conjunta para o grupo de Leitura Virtual e fiquei apaixonada logo de cara pela edição. É um belíssimo livro capa dura com detalhes em dourado.

Então o prólogo começa com uma poesia relacionada com a história e já te aflora a curiosidade para saber o que vem. E começam os capítulos. São capítulos curtos, que intercalam as histórias das três protagonistas. E isso atiça ainda mais a curiosidade para saber o que vai acontecer e em que momento as três histórias serão interligadas.

O livro vai se desenvolvendo misturando as três histórias e poesias que estão relacionadas. E como uma trança tudo vai se desenvolvendo e criando corpo, até que sem perceber, você termina a leitura.

Que estranho, repara, a vida às vezes junta os momentos mais sombrios com os mais luminosos. Dá e tira ao mesmo tempo.

P. 95

É um livro emocionante e que te toca e te inspira. Além de te fazer refletir sobre como tudo no mundo está conectado de algum modo.

A Trança entrou na lista dos meus livros preferidos do ano e super recomendo a leitura.

O amor é volátil, pondera, às vezes vai embora do mesmo jeito que veio, em um bater de asas.

P. 111

A escrita é toda em terceira pessoa e tem alguns diálogos ao longo da história, são poucos e bem pontuais. Mas eu gostei da forma como foram inseridos. É um livro sem excessos. Tudo se encaixa perfeitamente. A gente termina a leitura com um gostinho de quero mais.

A autora Laetitia Colombani é cineasta, roteirista e atriz e A Trança está sendo adaptado para o cinema. Já estou ansiosa para ver o filme.

Três países distintos, três culturas diferentes, três paisagens arrebatadoras. Tem de tudo para ser um filme magnífico.

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