Tô vendo!

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Depois de todo drama passado por causa de uma conjuntivite alérgica eu tomei coragem e fui conversar seriamente com meu médico a respeito da cirurgia Lasik.
Foram quase 3 meses de idas e vindas ao consultório e essa foi a primeira (e mais difícil) fase.
Assim que saí do consultório para ver a conjuntivite marquei os exames para saber se eu poderia realizar a cirurgia refrativa de miopia (Lasik).
Fui trolada umas duas vezes na clínica (eu estava no consultório, o médico também, mas ninguém me chamou, nem avisaram ao médico que eu estava lá e perdi a consulta e tive que retornar outro dia) e fiquei 15 dias sem poder usar lentes só para fazer os exames.
Os exames foram rápidos. Só precisei olhar para uma luz no centro de uma imagem que parecia querer me hipnotizar por apenas alguns segundos.
hipnose
Depois eu fui para casa, o médico que fez o exame em mim se reuniu com o meu médico para fazerem as contas e saberem se eu teria condições de operar.
Voltei ao consultório uma semana depois para simular a cirurgia, conversar sobre o procedimento e tirar todas as dúvidas possíveis.
Meu grau era bom, a espessura da córnea era suficiente para cirurgia e era seguro eu realizar o procedimento. Então só faltava eu ir no plano de saúde e esperar a liberação.
E lá fui eu marcar consulta com mais um médico, fazer auditoria e ficar 5 dias sem usar lentes para o médico do plano conferir meu grau e liberar. Eu achei que seria a maior burocracia, mas o médico só pegou meus óculos, confirmou o grau, perguntou quem iria realizar a cirurgia e me desejou boa sorte. Após 4 dias recebi um SMS com o número da autorização.
Depois que o plano liberou a cirurgia eu levei os papeis da liberação na clínica e fiquei esperando eles me ligarem com a data da cirurgia.
Por incrível que pareça eu não morri de ansiedade nesse tempo todo. Estava tão mais preocupada com o uso do óculos (que eu odeio) e com a interrupção do tratamento dermatológico do que com o resto da situação. Eu já tinha lido tanta coisa sobre a Lasik e visto tantos vídeos da cirurgia que parecia que eu já tinha feito isso anteriormente.
Depois de esperar quase um mês (e sem poder usar lentes ou ácido no rosto) a clínica ligou com a data da cirurgia. Às 11h da manhã do dia 9 de junho eu abandonaria os óculos.
Avisei na faculdade, programei minha semana, acordei cedo no dia, fui para a clínica e… a máquina que emite o laser desregulou.
Claro que eu voltei para a casa, deixei eles resolverem o problema da máquina e esperei me ligarem para confirmarem a nova data (uma semana depois).
Acho que foi só nesse momento que eu fiquei com medo. E se eu tivesse fazendo a cirurgia na hora e o laser fritasse minha córnea até o raio chegar no meu cérebro? O_O
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Na semana seguinte (mais uma semana – vai contando quantas semanas eu fiquei sofrendo com um óculos pesado e arranhado na cara) fui lá mais uma vez. Meu médico até brincou comigo que se a máquina desse problema de novo era para eu voltar para casa e nunca mais pensar no caso de cirurgia.
O procedimento é feito exatamente assim:

Mas eu estava do outro lado da máquina, então a sensação é bem diferente.
Eu deixei óculos e objetos pessoais com minha mãe e uma enfermeira me levou até uma salinha perto do centro cirúrgico, onde eu vesti a camisola de cirurgia em cima da minha roupa e calcei os sapatinhos de TNT lindos (#SQN).
Entrei no centro cirúrgico, a enfermeira pingou colírio nos meus olhos e me mandou deitar na cama/maca. Com 5,5 e 6,5 graus eu não estava vendo nada além de vultos, obviamente e eu tinha que confiar na criatura de que ela não estaria me levando para me jogar de uma despenhadeiro, por exemplo.
Fica uma luz vermelha piscando na máquina que fica posicionada em cima da cabeça e o tempo todo eu precisava olhar e focar na luz.
O médico conversava comigo, explicava o que ia fazer. Primeiro foi colocada uma máscara com esparadrapos para isolar os olhos. Um olho fica tapado com a máscara enquanto o procedimento é realizado no outro. Aquele metal que fica segurando o olho para não fechar não incomoda nem dói, eu vi ele pingando os colírios e passando a gaze e senti a pressão quando ele cortou o flap da córnea, mas não senti dor alguma.
Então vem a luz verde e as coisas começam a ficar embaçadas de verdade e o incômodo é muito grande. A luz verde é a que queima a córnea para reduzir o grau e fica um cheiro de queimado muito forte (para quem já fez fotodepilação o cheiro é pior). A concentração para manter o olho parado e olhando para luz vermelha é muito grande porque dá muita vontade de sair correndo, mas o medo do laser disparar e derreter meu cérebro me impediu de fazer qualquer outra coisa que não concordar com tudo.
Na parte final da cirurgia, quando o flap é recolocado eu não vi nada. Ficou tudo branco antes do médico me mandar fechar o olho e meu primeiro pensamento foi: “pronto, deu merda e eu fiquei cega para sempre!”
Mas eu não tive nem tempo para raciocinar direito porque ele já foi abrindo o outro olho e colocando o metal e fazendo tudo de novo (e eu pensando que um olho já estava arruinado e agora seria a vez do outro).
Quando terminou a cirurgia o médico tirou o esparadrapo (e eu ganhei uma limpeza de pele grátis – quase arrancou metade do rosto junto com) e me mandou abrir os olhos, sentar e ir embora.
Nessa hora foi bem WOW! Eu cheguei sem ver nada além de vultos e quando sentei na maca eu vi a sala, os equipamentos, a porta, a fechadura da porta, o piso, o rodapé, a enfermeira… Foi tão mágico! Voltei para a salinha, retirei o sapato e a roupinha ridícula e voltei para minha mãe (awwwnn!). E quando ela achava que tinha dado ruim de novo e que eu não faria mais a cirurgia eu falei TÔ TE VENDO!
Sério, essa situação toda não levou mais que 12 minutos. Fiquei quase uma hora esperando para entrar na sala de cirurgia e em 12 minutos já estava pronta para colocar a máscara do Jason e ir embora.
A recomendação foi de ficar as primeiras horas de olhos fechados, precisei comprar 3 colírios e pingar de 1 em 1 hora, um no intervalo do outro durante as primeiras 24 horas (podia ficar sem pingar à noite, para dormir).
Quando o efeito da anestesia passou minha cabeça começou a doer muito, não conseguia abrir os olhos, precisei vedar a casa para não entrar nenhum raio de luz e levantar o tampão para pingar colírio era horrível. Parecia a máscara do Jason e o esparadrapo me depilando incomodava.
Devo ter ficado bem chata porque absolutamente tudo estava me irritando e eu tinha vontade de gritar e arrancar minha cabeça com as mãos.
jason
Eu estava vendo, mas a situação não era a das melhores.
No dia seguinte fui na revisão (tudo normal!), tirei a máscara bonita, coloquei óculos e continuei odiando sol e luz com todas as minhas forças. Minha teoria era de que tinham me transformado em vampira porque eu acreditava seriamente que se um raio solar me atingisse eu seria queimada viva de tanto que eu estava fotossensível.
Odiei o sol e a luz e equipamentos eletrônicos por mais ou menos uma semana.
sol
Na revisão de 7 dias eu estava me achando toda, até tirar a lente protetora e a visão borrar toda novamente. Desde então minha visão anda bem instável. Ora eu enxergo bem, ora eu perco o foco, mas no geral eu consigo pegar ônibus, ver legendas na televisão e ler placas e cartazes de longe. Um milagre da medicina!
Agora só aguardar a revisão de um mês, a de 3 meses e a de 6 meses (leva de 3 a 6 meses para a córnea cicatrizar bem e eu saber se precisarei ou não de óculos), mas o importante é que TÔ VENDO!

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