Diário de Viagem: Reino Unido – Bristol

Acordei dia 09 de junho, juntei minhas malas e fui para a Victoria Coach Station pegar um ônibus para Bristol.

Viajar de ônibus no Reino Unido é bem mais barato que trem. Dependendo do horário e de quando você compra é possível encontrar passagens com valores bem reduzidos (£1 por exemplo). No meu caso, desde quando comecei a pesquisar sobre a viagem a passagem ficava em torno de £30 (ida e volta), então comprei no dia mesmo, no guichê da companhia.

Fui e voltei com a National Express (mais ou menos 2h de viagem). Os ônibus têm internet, carregador USB e banheiro.

Um alerta que ninguém me avisou e eu acho muito importante de frisar é: não existe fiscalização de bagagem nos ônibus. O motorista coloca sua mala lá dentro e não tem ninguém conferindo quem pegou a mala e a se a mala é sua mesmo. Então, tomem muito cuidado com a bagagem de vocês. Não me aconteceu nada, graças à Deus, mas fica de alerta. Já vi comentários sobre furtos de malas em ônibus e trens da Europa.

A primeira coisa que eu fiz quando cheguei em Bristol foi comprar um chip telefônico para internet (sim card). Peguei um da EE, paguei £15 e tive internet pelo resto da viagem.

A segunda coisa foi procurar um ônibus que me levasse até o hotel.

Em Bristol eu fiquei hospedada no DoubleTree By Hilton. Eu cheguei e fui literalmente recepcionada pela comissão da seleção de cricket, que também estava hospedada no hotel. A senhora que estava recepcionando os jogadores que me atendeu e me indicou onde ficava a recepção.

O hotel faz parte da cadeia de hotéis Hilton e é bem confortável. O restaurante fica dentro de onde era um forno de vidro. A arquitetura é linda. O café da manhã é extremamente farto, o staff te recebe na porta, te indica a mesa e te serve chá, café ou suco de laranja na mesa, mas o buffet é livre e tem outras opções de bebidas quentes e sucos. Além de pães, frutas, cereais e o café da manhã tipicamente britânico.

O hotel fica ao lado da igreja St Mary Redcliffe e perto da estação Temple Meads. Perto do hotel tinha uma obra enorme na rua e o Google ficava totalmente perdido com a localização e não sabia me mandar para lugar nenhum.

Eu só queria comprar um meal deal na Tesco e eu andei o dobro de tantas voltas que o Google me mandou dar.

Por causa desse monte de voltas eu quase morri.

Eu cheguei da Tesco com minha janta por volta das 21h. Eu comprei um frappuccino do Starbucks, um sanduíche e um potinho de frutas (£3 tudo). Comi, me aconcheguei na cama e me preparei para dormir. Mas o coração não parava de bater rápido, a respiração continuava ofegante e eu sentia como se tivesse corrido uma maratona.

Achei que eu estava assim porque tinha andado muito com a mala pesada mais cedo e depois andei bastante para ir comprar comida e voltar. E como eu sou sedentária poderia ser normal. Mas já tinha se passado horas e nada de eu relaxar ou a respiração melhorar.

Só pensei: pronto. Vou morrer aqui sozinha.

Peguei meu seguro viagem, o telefone da seguradora e o da embaixada, coloquei em cima da mesa e escrevi um recado para a camareira. Se ela me encontrasse morta era para ela entrar em contato com os números anotados. Ainda avisei que meu passaporte estava na cama comigo.

Mas eu tomei um ansiolítico e esperei fazer efeito. Só depois de muito me desesperar foi que eu lembrei que eu não posso tomar café (olá frappuccino) porque me dá taquicardia e aumenta minha pressão. Então a solução era só esperar passar o efeito mesmo.

Eu teria ficado muito puta se eu tivesse morrido um dia antes do show das Spice Girls.

Felizmente eu não morri e tudo deu certo. No dia seguinte acordei cedo e fui turistar um pouco.

E lá vamos nós…

Dica de viagem 1: entre em uma igreja e pegue um mapa da cidade. Lá tem os principais pontos turísticos.

Eu peguei meu mapa na St. Mary Redcliffe, onde eu comecei minha tour. A igreja tem uma arquitetura gótica incrível. É enorme e linda.

Tinha “mato” no chão da celebração da noite anterior. Mas olha esse teto!

De lá eu fui andando até a Queen Square (uma praça), que estava fechada para o público. Depois andei mais um pouquinho até a Bristol Cathedral, outra igreja gótica maravilhosa.

Vossa Majestade pode me informar como eu chego na Cathedral?

Quandro entrei na igreja tinha um órgão tocando e durante toda a minha visita ele continuou tocando. Não vi ninguém tocando, mas certamente o instrumento não estava sendo manuseado por fantasmas (eu creio).

Continuei andando e passei em frente ao centro de informações turísticas, mas não entrei, como o centro é ao lado do rio, só fui seguindo pela margem e andando.

Fui no Bristol Aquarium e no We The Curious, mas pelo preço do ingresso não entrei. Não achei que aproveitaria tanto assim.

Por sorte, encontrei um Spice fã mexicano que estava também perdido na cidade sem ter o que fazer.

Globo espelhado no We The Curious

Então fomos, eu e o Jaf, conhecer o SS Great Britain, que foi o primeiro navio transatlântico a ter um casco e uma hélice propulsora de ferro. Eles transformaram o navio em um museu e é simplesmente incrível. Valeu a visita e o ingresso (£15).

O passeio completo pelo navio demora cerca de 2h. Mostra exatamente tudo do navio. Todos os detalhes, as viagens, como é feita a conservação, o que era levado no navio (animais, mantimentos, etc), como os passageiros e tripulantes viajavam (há reprodução das cabines e todos os setores – não só com móveis e objetos, mas também com bonecos), etc. Tem partes bastante interativas como o carimbo do bilhete de passagem, você pode tirar fotos com roupas do século XIV e também manejar o leme em uma espécie de joguinho.

Há sons ambiente por todo o navio: os animais na cocheira, na cozinha sons de panelas e pessoas, vozes conversando nas cabines, entre outros.

Fui sem muitas expectativas, mas saí bem impressionada. Sem dúvidas foi um dos melhores passeios da viagem.

Dica de viagem 2: a carteirinha mundial de estudante do ISIC é aceita no Reino Unido e eu paguei valor diferenciado para entrar no SS. Se você é estudante (escola/graduação/pós/mestrado/doutorado) acho que é um bom investimento, principalmente se sua instituição de ensino só te envia uma carta confirmando a matrícula.

O único lugar de Bristol que eu queria ir mas não consegui foi a Ponte Suspensa de Clifton. Deixei para ir no dia seguinte ao show, mas estava com frio e cansada de Bristol.

Endereços

DoubleTree By Hilton
Redcliffe Way, Bristol BS1 6NJ

St. Mary Redcliffe Church
Redcliffe Way, Redcliffe, Bristol BS1 6RA

Bristol Cathedral
College Green, West End, Bristol BS1 5TJ

Queen Square
Old City, Bristol BS1 4LH

We The Curious
Anchor Road, Harbourside, Bristol BS1 5DB

Bristol Aquarium
Anchor Road, Harbourside, Bristol, Avon BS1 5TT

Brunel’s SS Great Britain
Great Western Dockyard, Gas Ferry Road, Bristol BS1 6TY

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Série: Marcella

(4/5)

Após 11 anos um serial killer volta à atacar na cidade. Pessoas estão sendo encontradas mortas, com uma plástica enrolada na cabeça e os pés e mãos amarrados.

Com os crimes acontecendo sem nenhum suspeito preso, um detetive bate à porta de Marcella Backland (Anna Friel), uma ex-detetive, para que ela dê sua opinião sobre o caso, pois tudo leva a crer que se trata de um criminoso que ela investigou antes de se afastar da carreira.

Marcella então pede para voltar ao trabalho. Ela ficou afastada do trabalho para se dedicar ao casamento e aos filhos, mas decide retomar ao seu posto na polícia de Londres.

Além de ter que lidar com o complicado caso no trabalho, Marcella ainda tem que lidar com vários problemas em casa. Ela descobre uma traição do marido Jason (Nicholas Pinnock), que está saindo de casa. Ela ainda está de luto pela morte prematura de sua filha bebê Juliet e seus outros dois filhos ficam no colégio interno e nem se importam com ela.

Se não bastassem esses problemas, Marcella ainda apresenta diversos episódios de lapsos de memória.

A trama policial da série é muito boa, a cada episódio há uma nova revelação e acabamos desconfiando de todos e mudando de opinião sobre quem comete os crimes a todo momento. Essa parte da história prende muito o telespectador, mas o que mais chama a atenção na série é a protagonista.

Marcella é uma mulher inteligente e muito boa na profissão (de acordo com o ex-marido, na segunda temporada ela é uma melhor detetive que uma mãe), mas está com o psicológico totalmente destruído e parece que nada de bom acontece em sua vida particular. Ela é totalmente humana e cheia de problemas, como qualquer um de nós.

A série tem 2 temporadas e 16 episódios. Está disponível na Netflix Brasil e é uma ótima pedida para assistir em um final de semana.

Quem não gosta de séries com muitas temporadas e cheias de episódios, esta é uma excelente sugestão.

Eu confesso que alguns episódios não me cativaram tanto. Eu tinha acabado de assistir The Fall e qualquer detetive perto da Stella Gibson não tinha meu respeito (desculpa, Marcella), mas continuei assistindo porque a Netflix vai exibindo um episódio atrás do outro mesmo sem eu pedir.

Alguns episódios/cenas eu amava e outros eu assistia arrastado, mas então cheguei ao final da segunda temporada e MEU DEUS DO CÉU! Fiquei impactada por dias.

Vou dar um micro spoiler: Marcella faz hipnose para identificar a causa dos apagões e consegue descobrir qual foi o trauma que a deixou assim. Quando ela descobre o que aconteceu, ela fica muito desgraçada da cabeça e surta totalmente e aí ACABA.

Mano, eu quero a terceira temporada na minha tela imediatamente porque não estou sabendo lidar com isso. Felizmente a série foi renovada pela ITV e os episódios estarão disponíveis este ano, se Deus quiser!

Olhando em retrospecto toda a série, foi merecidíssimo o Emmy que a Anna Friel recebeu. Marcella é uma personagem extremamente complexa e Anna conseguiu mostrar todas as nuances dela.

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Livro: Ao meu redor

(4/5)
Elysanna Louzada
Astral Cultural
2019
224 páginas

Ao Meu Redor é um livro da autora capixaba Elysanna Louzada. Apesar de já conhecer a Elysanna de vista (e de nome) há um tempo, este foi o primeiro livro dela que li.

Também tive a oportunidade de participar do lançamento no início do ano e tenho minha edição autografada!

Comecei a ler sem nenhum expectativa, a única informação que eu tinha quando iniciei a leitura foi: é um romance de época. A partir daí, tudo foi uma surpresa.

O livro conta a história de Maria Antônia, uma inocente jovem órfã de mãe que mora com a tia no interior de São Paulo. A vida de Maria Antônia com a tia é tão dura que quando ela teve a oportunidade de ir embora para a capital, ela abraçou a oportunidade com todas as forças e partiu.

Maria foi morar com um comerciante que fazia negócios na fazenda. Ela acreditava que a vida seria melhor longe da tia, mas estava totalmente enganada. O homem que a levou era um sádico sem escrúpulos que a tratava como escrava sexual.

Anos mais tarde, já liberta deste cafajeste, Maria Antônia mora na Europa, tem uma vida baseada em frequentar recitais, cabarés, ópera e outras coisas e divide seus segredos com o seu amigo Joseph.

Tudo corria muito bem, até que ela recebe uma notícia de que precisa voltar ao Brasil: sua grande amiga, Sophia precisa de sua ajuda e é um pedido que ela não pode recusar.

Então, Maria Antônia retorna ao Brasil juntamente com Joseph e precisa encarar todos os seus traumas do passado.

Vamos por partes: o relacionamento de Maria e Joseph é lindo. Os dois vivem uma vida totalmente fora dos padrões para a década de 1920. Além da boemia, Maria é uma mulher solteira que divide a casa com um homem. E Joseph é um gay totalmente assumido.

Sabe aquele melhor amigo gay de filmes e livros que toda mulher quer ter? Joseph é esse cara. Um amigão para compartilhar todos os momentos da vida, sendo eles bons ou maus. Ele é um personagem adorável e é impossível não gostar da sinceridade dele.

Logo nos primeiros capítulos, Miguel entra na história. Ele começa paquerando Maria (com galanteios bem baratos) e ela não dá abertura para as investidas dele. Mas conforme vamos conhecendo Miguel, começamos a nos apaixonar por ele.

Miguel é sensível, educado e capaz de fazer qualquer coisa pela mulher que ama. Sério, qualquer mulher suspiraria por ele de tão incrível que ele é.

Além de Joseph e Miguel, também vemos o relacionamento de Maria Antônia e Sophia.

Sophia e Maria Antônia viveram juntas momentos difíceis quando eram jovens e acabaram se tornando mais que melhores amigas, se tornaram irmãs. Por isso, assim que recebeu o recado de Sophia, Maria Antônia não hesitou em retornar ao Brasil, mesmo que isso significasse ter que encarar memórias que ela queria manter distância.

O livro é narrado em primeira pessoa e vemos tudo pelo olhar de Maria Antônia. A autora consegue nos transportar para dentro do livro e vivemos as emoções da personagem em cada palavra escrita.

Ao meu redor conta uma história belíssima de amor e superação e acho que merece a leitura.

O que eu não gostei muito, foi o fato de eu não conseguir passar a história toda dentro da década de 1920. Em alguns momentos achei os diálogos atuais demais, mesmo para pessoas que viviam à frente de seu tempo – como Maria e Joseph. Então eu me pegava indo e voltando no tempo.

Em relação à edição, amei a capa! Totalmente condizente com a história. O título tanto na frente, quanto na lombada é brilhoso. Um detalhe que fez a diferença. As páginas são amarelas (perfeitas para a leitura) e não encontrei nenhum erro de diagramação ou ortografia.

Lançamento do livro na livraria Saraiva do Shopping Vitória

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