Livro: O farol e a tempestade

(5/5)
Romulo Felippe
Novo Conceito
304 páginas
2019

O farol e a tempestade é o terceiro livro do autor capixava Romulo Felippe e conta a história do autor best-seller Samuel Jones, que vive recluso na remota ilha de Farethon, no Atlântico Norte.

Sam perdeu a família em um acidente de carro e desde então passou a viver na ilha em companhia do gato Charles. Um dia, desesperançoso com a vida, ele decidiu que não viveria mais e pediu uma luz a Deus, antes de dar fim à sua vida. Foi então que uma bolo de fogo riscou os céus no meio de uma tempestade.

Uma aeronave cai no mar e sem hesitar Sam pega o barco e rema em direção ao local do acidente. Ele resgata a única sobrevivente do acidente, a fotógrafa nova-iorquina Anne Crawford.

Sem saber que Anne era tudo o que Sam pediu aos céus, ele a ajuda se recuperar do acidente e ela também o ajuda a voltar a ter fé na vida.

Por conta da tempestade, Sam fica sem comunicação com o continente e não pode avisar ninguém de sua hóspede.

Enquanto vivem como Emmeline  e Richard (quem assistiu ao filme A Lagoa Azul mais de 5 vezes na sessão da tarde?), o pai e o ex-marido de Anne procuram por qualquer vestígio do avião.

Desde o começo o livro é cheio de reviravoltas, o que torna a leitura muito dinâmica. Há o acidente de avião e logo depois vamos descobrindo juntamente com os personagens quem são Sam e Anne.

Inevitavelmente eles se apaixonam e a gente se apaixona junto. O casal tem bastante química e os dois possuem tragédias em suas bagagens de vida. A torcida para que os dois consigam ficar juntos e juntar todos os pedacinhos quebrados é enorme e a cada passo no caminho da felicidade faz a gente ficar com o coração quentinho durante a leitura.

Mas eu disse que tem muitas reviravoltas, então a cada capítulo tudo pode ser diferente.

O livro é escrito em terceira pessoa e os capítulos são curtinhos. Além da linguagem clara e da história envolvente. Apesar de algumas partes mais pesadas, pois trata de trauma vividos no passado dos personagens, é uma leitura tranquila.

Em alguns momentos lágrimas são inevitáveis, mas eu garanto que valem à pena serem derramadas.

A diagramação é bem feita. Fonte e espaçamentos bons para a leitura. E o livro é cheio de belíssimas ilustrações.

A capa também é linda e por diversas vezes me peguei admirando o farol.

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Livro: todos os nossos ontens

TODOS_OS_NOSSOS_ONTENSCristin Terrill
(5/5)
Editora Novo Conceito
2015
352 páginas

O governo dos Estados Unidos da América construiu uma máquina do tempo em segredo e as consequências da existência desta máquina podem ser catastróficas. Imagine se os rebeldes pudessem ser destruídos antes mesmo que se rebelassem? Ou se alianças pudessem ser quebradas antes mesmo que acontecessem?
Todos os nossos ontens se passa em um futuro não tão distante, mas que por causa de uma máquina do tempo toda a realidade que conhecemos acabou.
O tempo não é algo linear e quando mexemos com o passado podemos alterar o futuro e mudar completamente o rumo da história.
Os Estados Unidos se tornaram uma superpotência por causa desta máquina, mas como consequência a liberdade das pessoas acabou e todos vivem sob tensão militar. Todo mundo precisa justificar o que faz e onde vai. Se algo sai do controle esta situação é resolvida alterando o passado.
Finn e Em são prisioneiros do governo. Eles já voltaram no tempo 19 vezes tentando destruir a máquina e devolver a liberdade para as pessoas, mas em todas elas eles foram pegos.
Agora eles têm a última chance: voltar no tempo matar o “Doutor”. Somente com a morte dele o mundo voltará a ser o que era.

Nós nos sentamos em silêncio e olhamos fixo para a pequena casa geminada verde mais à frente na rua, e eu cruzo os braços para afastar o frio do ar gelado que entra pela janela quebrada. Não quero me lembrar dessas coisas. Mas James sempre disse que o tempo é complicado, que tem uma mente própria. Talvez esse seu jeito de nos punir por brincar com ele.
P. 141

Uau! Sabe aquele livro que está na sua estante há muito tempo e você quer ler, mas fica com medo de não gostar e acaba deixando a leitura para outra hora? Isso aconteceu com Todos os nossos ontens, mas felizmente eu resolvi colocar a leitura em dia e não me decepcionei nem um pouco com o livro.
É uma distopia que te prende do início ao fim. Um desses livros que é impossível parar de ler. Este é o primeiro livro da autora e ela começou com o pé direito porque é uma obra muito boa. Ela consegue amarrar todos os pontos e criar uma trama maravilhosa.

– É um paradoxo. Mas a questão do tempo é que, na verdade, ele não é linear como pensamos. Uma pessoa que eu conheci tinha uma teoria sobre o tempo, de que ele tem um tipo de consciência. Ele limpa as coisas e evita ser rasgado por paradoxos congelando certos eventos e evitando que eles mudem.
P. 65

Em e Marina são a mesma pessoa, mas estão separadas pelo tempo. Em vive no futuro e Marina no passado. Conhecemos a história pela narrativa das duas e mesmo sendo a “mesma pessoa”, elas são muito diferentes entre si, praticamente uma é o oposto da outra. Enquanto Em é centrada, persistente e lutadora. Marina é mimada, inocente e fútil.
Sempre imaginei como seria viajar no tempo e gostei muito de como a autora colocou a questão. Não entendo nada de teoria da relatividade ou sobre viagens no tempo, mas achei bem interessante o modo como a autora explicou o assunto. Como telespectadora de The Big Bang Theory achei que fez sentido muitas coisas.
Gostei das reflexões políticas e das implicações negativas que uma viagem no tempo poderiam causar. A gente (eu pelo menos) só pensa nas coisas boas, mas uma tecnologia deste nível pode ser usada para o mal e gostei como a autora falou sobre isso.
Não foi meu livro preferido do ano, mas chegou bem perto disso. Uma das distopias mais incríveis que já tive o prazer de ler.
Gostei muito da capa e do marcador que a editora enviou junto com o livro. Ficou um trabalho realmente belíssimo.
O miolo é simples, sem detalhes ou desenhos. A fonte é boa para a leitura, juntamente com as páginas amareladas, fez a leitura fluir muito rapidamente.

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Livro: Esperando por Doggo

ESPERANDO_POR_DOGGOMark B. Mills
(3/5)
Editora Novo Conceito
2015
224 páginas

Dan acabou de ser deixado por Clara, sua ex-namorada que desapareceu em um dia e deixou apenas uma carta de despedida e um cachorro.
Doggo é um cão incomum, ele não é bonito, sua origem é suspeita e até seu nome é provisório (Clara e Dan ainda não tinha definido um nome para o animal quando Clara foi embora).
Além de sofrer pela desilusão amorosa, Dan precisa cuidar de Doggo e também arrumar um emprego que possa conciliar sua profissão com a responsabilidade de um “pai” de cachorro.
Dan é publicitário e por sorte ele consegue trabalho em uma agência que aceita a presença do animal. Aos poucos Doggo vai conquistando o coração de Dan e transformando a vida do moço. Por onde passa Doggo faz amigos e age como elo de ligação entre Dan e o resto do mundo.

-[…] Eu nunca tinha visto por esse lado… Você tem razão, como é possível amar outra pessoa quando você não se ama?
P. 118

Eu odeio livros de animal porque sempre acho que irei chorar no final e morrer desidratada, então antes de iniciar uma leitura assim eu me informo se eu posso ler o livro até o fim ou precisarei parar pela metade. Para quem é sensível como eu, Esperando por Doggo passa no meu padrão de qualidade. Podem ler que nenhum animal foi maltratado nas 224 páginas.
Comecei a leitura bem despretensiosamente e fiquei admirada com o livro. Não se trata uma leitura boba ou água com açúcar. É um livro com alma e bons ensinamentos. Ele mostra como a estranha relação entre Dan e Doggo evolui e como eles acabam se tornando amigos.
Dan não queria um cachorro, mas aos poucos ele começa aceitar Doggo melhor e eles se entendem tanto que Dan aceita até as manias mais estranhas de Doggo (como seu vício por filmes com a Jennifer Aniston).
Mais do que um livro sobre um cão e um homem é um livro sobre amizade.

– A imitação é a forma mais nobre de elogio – grito de volta, mais alto que a música.
P. 130

Há a utilização de linguagem coloquial, tornando a leitura bem fluida. A narrativa é em primeira pessoa e não encontrei erros de revisão. Mas achei que alguns pontos da história poderiam ter sido melhores desenvolvidos. Achei que ficou faltando alguma coisa.
Apesar de ser uma leitura fluida, eu senti preguiça de recomeçar a leitura algumas vezes porque o livro não tem aquele “gancho” entre um capítulo e outro. Faltou deixar o leitor ansioso para devorar a próxima página.
Gostei muito da capa e por ela eu achei que o cachorro morria logo no primeiro capítulo. Sem conhecer a sinopse eu não leria o livro por gostar de animais e ter muita sensibilidade em relação a este assunto. Toda vez que eu olho para a capa eu vejo o cachorro morto e “vivendo” como um anjo. Mas como eu já adverti: é uma leitura tranquila para amantes de cachorros. O nome do livro e a capa fazem mais sentido quando a leitura termina. Realmente tem alguém esperando por Doggo, mas para entender só lendo mesmo.
A diagramação é boa, a letra é de um tamanho razoável e possui páginas amarelas que facilitam a leitura.

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