Livro: Ao meu redor

(4/5)
Elysanna Louzada
Astral Cultural
2019
224 páginas

Ao Meu Redor é um livro da autora capixaba Elysanna Louzada. Apesar de já conhecer a Elysanna de vista (e de nome) há um tempo, este foi o primeiro livro dela que li.

Também tive a oportunidade de participar do lançamento no início do ano e tenho minha edição autografada!

Comecei a ler sem nenhum expectativa, a única informação que eu tinha quando iniciei a leitura foi: é um romance de época. A partir daí, tudo foi uma surpresa.

O livro conta a história de Maria Antônia, uma inocente jovem órfã de mãe que mora com a tia no interior de São Paulo. A vida de Maria Antônia com a tia é tão dura que quando ela teve a oportunidade de ir embora para a capital, ela abraçou a oportunidade com todas as forças e partiu.

Maria foi morar com um comerciante que fazia negócios na fazenda. Ela acreditava que a vida seria melhor longe da tia, mas estava totalmente enganada. O homem que a levou era um sádico sem escrúpulos que a tratava como escrava sexual.

Anos mais tarde, já liberta deste cafajeste, Maria Antônia mora na Europa, tem uma vida baseada em frequentar recitais, cabarés, ópera e outras coisas e divide seus segredos com o seu amigo Joseph.

Tudo corria muito bem, até que ela recebe uma notícia de que precisa voltar ao Brasil: sua grande amiga, Sophia precisa de sua ajuda e é um pedido que ela não pode recusar.

Então, Maria Antônia retorna ao Brasil juntamente com Joseph e precisa encarar todos os seus traumas do passado.

Vamos por partes: o relacionamento de Maria e Joseph é lindo. Os dois vivem uma vida totalmente fora dos padrões para a década de 1920. Além da boemia, Maria é uma mulher solteira que divide a casa com um homem. E Joseph é um gay totalmente assumido.

Sabe aquele melhor amigo gay de filmes e livros que toda mulher quer ter? Joseph é esse cara. Um amigão para compartilhar todos os momentos da vida, sendo eles bons ou maus. Ele é um personagem adorável e é impossível não gostar da sinceridade dele.

Logo nos primeiros capítulos, Miguel entra na história. Ele começa paquerando Maria (com galanteios bem baratos) e ela não dá abertura para as investidas dele. Mas conforme vamos conhecendo Miguel, começamos a nos apaixonar por ele.

Miguel é sensível, educado e capaz de fazer qualquer coisa pela mulher que ama. Sério, qualquer mulher suspiraria por ele de tão incrível que ele é.

Além de Joseph e Miguel, também vemos o relacionamento de Maria Antônia e Sophia.

Sophia e Maria Antônia viveram juntas momentos difíceis quando eram jovens e acabaram se tornando mais que melhores amigas, se tornaram irmãs. Por isso, assim que recebeu o recado de Sophia, Maria Antônia não hesitou em retornar ao Brasil, mesmo que isso significasse ter que encarar memórias que ela queria manter distância.

O livro é narrado em primeira pessoa e vemos tudo pelo olhar de Maria Antônia. A autora consegue nos transportar para dentro do livro e vivemos as emoções da personagem em cada palavra escrita.

Ao meu redor conta uma história belíssima de amor e superação e acho que merece a leitura.

O que eu não gostei muito, foi o fato de eu não conseguir passar a história toda dentro da década de 1920. Em alguns momentos achei os diálogos atuais demais, mesmo para pessoas que viviam à frente de seu tempo – como Maria e Joseph. Então eu me pegava indo e voltando no tempo.

Em relação à edição, amei a capa! Totalmente condizente com a história. O título tanto na frente, quanto na lombada é brilhoso. Um detalhe que fez a diferença. As páginas são amarelas (perfeitas para a leitura) e não encontrei nenhum erro de diagramação ou ortografia.

Lançamento do livro na livraria Saraiva do Shopping Vitória

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Livro: Sete Pinturas – A lenda do fim do mundo

(4.5/5)
Landulfo Almeida
Amazon
2018
408 páginas

Há alguns anos eu li e resenhei o livro As duas faces do destino do autor Landulfo Almeida e fiquei muito feliz quando ele entrou em contato comigo para ler e resenhar sua nova obra, Sete Pinturas.

Eu estou em um período em devagar para leitura, e por isso demorei mais do que o usual para ler e resenhar este livro, mas minha impressão final é muito boa.

O livro foi lançado em meio digital e infelizmente eu não tenho um Kindle, mas leio meus livros digitais pelo app Kindle no iPad (também está disponível para smartphones). Como o meu dispositivo é mini eu não sinto dificuldade em ler nele, com a vantagem de conseguir ler à noite, com a luz do quarto apagada.

Os primeiros capítulos do livro parecem um pouco confusos, pois há diversos personagens, histórias se passando em cidades e períodos distintos e eu me indagava como todos eles iriam se encaixar.

Os pais de Pedro estavam com ele em uma expedição na região amazônica quando foram atacados por onças. O pai foi o primeiro a se sacrificar para tentar salvar a família, a mãe “abraçou” as onças para que o filho conseguisse fugir e sobreviver. Ele cai em um lago dentro de uma gruta e estava quase morrendo afogado quando é salvo por um índio.

Anos depois, Érica e Daniel se conhecem em um orfanato na Bahia e se tornam melhores amigos. Mesmo depois de adultos eles mantém a relação fraterna e inseparável.

Atualmente, Érica é uma médica residente em São Paulo e Daniel é formado em administração, mas busca um emprego melhor.

Eles estão na Avenida Paulista quando acontece um atentado contra a vida do bilionário Marcos Cleanfield. Érica presta os primeiros socorros e quando ele se recupera, faz questão de se encontrar com a moça para agradecer. Ela reluta à princípio, mas depois de conhecer Marcos, ele não apenas a agradece por salvar sua vida como também oferece um bom emprego a Daniel.

Érica está encantada com o charme de Marcos e enquanto pega um café em uma cafeteria conhece um rapaz parecido com ele, Raphael Roman Dummas, que também é bilionário. No decorrer da história descobrimos que Raphael e Marcos se conhecem e foram amigos por muito tempo, mas agora se tornaram rivais.

Além desses personagens, também temos Kiara, assessora de Raphael em sua empresa de produtos farmacêuticos.

Enquanto conhecemos todas essas pessoas, eventos estranhos acontecem no mundo: pássaros morrem, uma tempestade de raios acontece concomitantemente nas principais cidades do mundo e peixes aparecem mortos na praia.

Todos esses eventos, estão relacionados com estranhas pinturas rupestres que são encontradas em uma caverna oculta no coração da Amazônia (aquela onde Pedro caiu). De acordo com a lenda indígena, os eventos narram o apocalipse.

A narrativa do livro é bem detalhada e o autor consegue nos transportar para dentro dos lugares descritos.

Achei incrível inserir a cultura indígena em uma trama tão bem elaborada, é bem perceptível que o autor fez um cuidadoso trabalho de pesquisa. Os elementos estão perfeitamente inseridos na história e ao final tudo se encaixa.

Li devagar não apenas porque meu ritmo de leitura está mais lento, mas também para aproveitar melhor o livro.

Não gosto de comparar autor nacional com autor estrangeiro porque nem todos gostam, mas entre todos os autores que eu li, tanto nacionais quanto estrangeiros, Landulfo é o mais se aproximou ao Dan Brown. E como eu amo o Dan Brown, pode ser considerado um baita elogio.

O mistério, a utilização de lendas, pontas soltas que no final se alinham totalmente, são elementos que estão presentes em Sete Pinturas e que também fazem parte dos livros de Dan Brown.

E que final sensacional teve Sete Pinturas! Não imaginei em nenhum momento que a história teria aquele desfecho e a surpresa foi muito boa.

O início do livro pode parecer um pouco cansativo e arrastado, mas quando as histórias começam a se encaixar a gente percebe que todos os dados iniciais foram necessários.

A capa é linda e remete diretamente à gruta.

Em relação à narrativa e à capa eu não tenho o que reclamar, mas sinto muita falta de ter uma versão física do livro na minha estante.

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Livro: O Teorema Katherine

(4/5)
John Green
Intrínseca
2013
304 páginas

O Teorema Katherine conta a história de Colin Singleton, um adolescente que está superando seu mais recente pé na bunda. A sua décima nona namorada Katherine acabou de terminar com ele e ele está arrasado. Você não leu errado, Colin teve 19 namoradas chamadas Katherine. K-A-T-H-E-R-H-I-N-E. Nada de Catherine, Cathryn, Katrina, ou qualquer outra variação, todas tinham exatamente o mesmo nome e todos eram escritos da mesma forma. Como ele mesmo diz ao longo do livro, não foi por escolha, ou obsessão pelo nome, simplesmente foi acontecendo dele namorar meninas chamadas Katherines e elas terminarem com ele.

Para superar esse trauma, ele cai na estrada com o seu amigo Hassan e juntos eles começam a viver uma aventura. Eles saem sem destino até decidirem parar em uma pequena cidade onde está enterrado Francisco Ferdinando (aquele cujo assassinato foi o estopim da Primeira Guerra Mundial) e conhecem uma garota chamada Lindsay.

A mãe de Lindsay é dona de uma empresa fabricante de cordinhas de absorventes internos e é a empresa da mãe dela que mantém a cidade viva, pois todos os moradores possuem alguém que trabalha ou já trabalhou lá. A mãe de Lindsay contrata Hassan e Colin para que eles entrevistem os moradores da cidade.

Entre o trabalho e as conversas com Lindsay, Colin começa a desenvolver um Teorema capaz de prever o desfecho de qualquer relacionamento.

Antes de falar sobre o teorema, vale mencionar que Colin foi uma criança prodígio e participou de programa de TV por causa de sua excentricidade, hoje ele é viciado em anagramas e está vivendo uma crise existencial, pois acredita que seu momento de genialidade já passou e ele não fará mais diferença no mundo.

– Só quero fazer alguma coisa que seja importante. Ou ser alguma coisa importante. Eu só quero ser importante.

P. 126

Então, quando tudo estava perdido, ele tem essa ideia de elaborar e comprovar o Teorema Fundamental da Previsibilidade das Katherines. Ele simplesmente pega todos os pontos dos seus relacionamentos com as 19 Katherines e os coloca em linguagem matemática, com gráficos que mostram o momento em que o relacionamento terminará. Se ele conseguir comprovar seu teorema, ele conseguirá descobrir o fim de qualquer relacionamento antes mesmo que as duas pessoas se conheçam.

Foi o primeiro livro que eu li este ano e eu gostei por ser um livro do John Green, mas não é tão bom quanto eu esperava. A história é bem parada, só começa a se desenvolver mesmo depois que os meninos conhecem a Lindsay.

No entanto, nesta parte começam a surgir os gráficos matemáticos, que eu confesso que eu não li nenhum e nem fiz questão de tentar ler/entender. Sou totalmente de humanas, sorry. E os moradores da cidade são bem caipiras, inclusive a Lindsay algumas vezes, e a escrita me incomodava um pouco.

De todos os livros do John Green que eu já, esse foi o que eu menos gostei. E olha que eu já estava desenvolvendo um amor grande pelo autor.

Quem já leu este livro também teve essa impressão de uma leitura mais devagar?

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