Livro: O Som de um Coração Vazio

(5/5)
Graciela Mayrink
Editora Bambolê
2018
224 páginas

O Som de um Coração Vazio traz a história de um astro do rock que sofre de TOC e que descobre uma fã dele deprimida enquanto navega por um fórum na internet.

Gabriel Moura é um jovem cantor de rock que está no auge de sua carreira. Tudo seria perfeito em sua vida se não fosse sua doença silenciosa. Ele tem TOC e luta diariamente contra a doença. No momento seu problema maior é o irmão que fica o tempo pegando no seu pé e vigiando para que ele não cometa nenhuma loucura. No limite do possível Gabriel está bem, ele só prefere ficar quieto no quarto compondo ao invés de interagir com o restante da banda.

Mas então ele resolve entrar em um fórum para depressivos e encontra um nome de usuário bem curioso: carol_do_moura. Quando viu o nome a curiosidade não o deixou em paz e ele precisou conversar com aquela pessoa. Ele criou uma identidade falsa, disse que era uma menina que morava no Amapá e começou a conversar com a Carol para saber se ela era fã do Gabriel Moura (e sim, ela era).

Carol é uma estudante de arquitetura que desenvolveu depressão após o vazamento de uma foto sua pelo seu ex. Carol possui uma irmã gêmea que se preocupa muito com ela, mas a futura arquiteta prefere passar seus dias no quarto ouvindo músicas do Gabriel Moura e desabafando no fórum sobre depressão. No seu quarto é o lugar onde ela mais se sente segura.

Pelo fórum, Carol e Gabriel começam a conversar e criam uma forte conexão. Ela não faz a menor ideia de que está conversando com o seu maior ídolo, mas Gabriel já está apaixonado e começa a criar situações para encontra-la pessoalmente.

Assim que eu li a sinopse do livro e senti o clima mais pesado do contexto achei que não teria como a Graciela seguir na sua linha leve e fofa da escrita, mas sim, ela conseguiu. Toda a delicadeza da escrita da Graciela estão presentes do início ao fim da história.

Tanto o assunto da doença mental quanto o do vazamento de foto íntima são bem delicados, mas a autora abordou muito bem os dois temas. Ela soube dosar muito bem para não deixar a história nem superficial demais e nem com o clima muito pesado.

O livro foi tão lindo e leve que eu devorei em poucos dias.

Achei importante a discussão de que depressão não é frescura (entenderam agora pais da Carol?) e como é importante o tratamento e a terapia.

A história do romance Carol e Gabriel é muito fofa, dessas que aquecem o coração e fazem a gente querer guardar o casal com carinho dentro de um potinho.

Achei linda a capa e a diagramação combinou muito com a história. Só senti falta de uma playlist com músicas para a gente ouvir durante a leitura, mas fora isso, o trabalho foi todo sensacional.

Indico totalmente a leitura, principalmente agora em Setembro, mês de prevenção ao suicídio.

Leiam, conscientizem-se e conversem sobre a saúde mental. Quanto mais falarmos sobre depressão, menos preconceito teremos com a doença e mais vidas poderão ser salvas.

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Livro: Ao meu redor

(4/5)
Elysanna Louzada
Astral Cultural
2019
224 páginas

Ao Meu Redor é um livro da autora capixaba Elysanna Louzada. Apesar de já conhecer a Elysanna de vista (e de nome) há um tempo, este foi o primeiro livro dela que li.

Também tive a oportunidade de participar do lançamento no início do ano e tenho minha edição autografada!

Comecei a ler sem nenhum expectativa, a única informação que eu tinha quando iniciei a leitura foi: é um romance de época. A partir daí, tudo foi uma surpresa.

O livro conta a história de Maria Antônia, uma inocente jovem órfã de mãe que mora com a tia no interior de São Paulo. A vida de Maria Antônia com a tia é tão dura que quando ela teve a oportunidade de ir embora para a capital, ela abraçou a oportunidade com todas as forças e partiu.

Maria foi morar com um comerciante que fazia negócios na fazenda. Ela acreditava que a vida seria melhor longe da tia, mas estava totalmente enganada. O homem que a levou era um sádico sem escrúpulos que a tratava como escrava sexual.

Anos mais tarde, já liberta deste cafajeste, Maria Antônia mora na Europa, tem uma vida baseada em frequentar recitais, cabarés, ópera e outras coisas e divide seus segredos com o seu amigo Joseph.

Tudo corria muito bem, até que ela recebe uma notícia de que precisa voltar ao Brasil: sua grande amiga, Sophia precisa de sua ajuda e é um pedido que ela não pode recusar.

Então, Maria Antônia retorna ao Brasil juntamente com Joseph e precisa encarar todos os seus traumas do passado.

Vamos por partes: o relacionamento de Maria e Joseph é lindo. Os dois vivem uma vida totalmente fora dos padrões para a década de 1920. Além da boemia, Maria é uma mulher solteira que divide a casa com um homem. E Joseph é um gay totalmente assumido.

Sabe aquele melhor amigo gay de filmes e livros que toda mulher quer ter? Joseph é esse cara. Um amigão para compartilhar todos os momentos da vida, sendo eles bons ou maus. Ele é um personagem adorável e é impossível não gostar da sinceridade dele.

Logo nos primeiros capítulos, Miguel entra na história. Ele começa paquerando Maria (com galanteios bem baratos) e ela não dá abertura para as investidas dele. Mas conforme vamos conhecendo Miguel, começamos a nos apaixonar por ele.

Miguel é sensível, educado e capaz de fazer qualquer coisa pela mulher que ama. Sério, qualquer mulher suspiraria por ele de tão incrível que ele é.

Além de Joseph e Miguel, também vemos o relacionamento de Maria Antônia e Sophia.

Sophia e Maria Antônia viveram juntas momentos difíceis quando eram jovens e acabaram se tornando mais que melhores amigas, se tornaram irmãs. Por isso, assim que recebeu o recado de Sophia, Maria Antônia não hesitou em retornar ao Brasil, mesmo que isso significasse ter que encarar memórias que ela queria manter distância.

O livro é narrado em primeira pessoa e vemos tudo pelo olhar de Maria Antônia. A autora consegue nos transportar para dentro do livro e vivemos as emoções da personagem em cada palavra escrita.

Ao meu redor conta uma história belíssima de amor e superação e acho que merece a leitura.

O que eu não gostei muito, foi o fato de eu não conseguir passar a história toda dentro da década de 1920. Em alguns momentos achei os diálogos atuais demais, mesmo para pessoas que viviam à frente de seu tempo – como Maria e Joseph. Então eu me pegava indo e voltando no tempo.

Em relação à edição, amei a capa! Totalmente condizente com a história. O título tanto na frente, quanto na lombada é brilhoso. Um detalhe que fez a diferença. As páginas são amarelas (perfeitas para a leitura) e não encontrei nenhum erro de diagramação ou ortografia.

Lançamento do livro na livraria Saraiva do Shopping Vitória

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Livro: Sete Pinturas – A lenda do fim do mundo

(4.5/5)
Landulfo Almeida
Amazon
2018
408 páginas

Há alguns anos eu li e resenhei o livro As duas faces do destino do autor Landulfo Almeida e fiquei muito feliz quando ele entrou em contato comigo para ler e resenhar sua nova obra, Sete Pinturas.

Eu estou em um período em devagar para leitura, e por isso demorei mais do que o usual para ler e resenhar este livro, mas minha impressão final é muito boa.

O livro foi lançado em meio digital e infelizmente eu não tenho um Kindle, mas leio meus livros digitais pelo app Kindle no iPad (também está disponível para smartphones). Como o meu dispositivo é mini eu não sinto dificuldade em ler nele, com a vantagem de conseguir ler à noite, com a luz do quarto apagada.

Os primeiros capítulos do livro parecem um pouco confusos, pois há diversos personagens, histórias se passando em cidades e períodos distintos e eu me indagava como todos eles iriam se encaixar.

Os pais de Pedro estavam com ele em uma expedição na região amazônica quando foram atacados por onças. O pai foi o primeiro a se sacrificar para tentar salvar a família, a mãe “abraçou” as onças para que o filho conseguisse fugir e sobreviver. Ele cai em um lago dentro de uma gruta e estava quase morrendo afogado quando é salvo por um índio.

Anos depois, Érica e Daniel se conhecem em um orfanato na Bahia e se tornam melhores amigos. Mesmo depois de adultos eles mantém a relação fraterna e inseparável.

Atualmente, Érica é uma médica residente em São Paulo e Daniel é formado em administração, mas busca um emprego melhor.

Eles estão na Avenida Paulista quando acontece um atentado contra a vida do bilionário Marcos Cleanfield. Érica presta os primeiros socorros e quando ele se recupera, faz questão de se encontrar com a moça para agradecer. Ela reluta à princípio, mas depois de conhecer Marcos, ele não apenas a agradece por salvar sua vida como também oferece um bom emprego a Daniel.

Érica está encantada com o charme de Marcos e enquanto pega um café em uma cafeteria conhece um rapaz parecido com ele, Raphael Roman Dummas, que também é bilionário. No decorrer da história descobrimos que Raphael e Marcos se conhecem e foram amigos por muito tempo, mas agora se tornaram rivais.

Além desses personagens, também temos Kiara, assessora de Raphael em sua empresa de produtos farmacêuticos.

Enquanto conhecemos todas essas pessoas, eventos estranhos acontecem no mundo: pássaros morrem, uma tempestade de raios acontece concomitantemente nas principais cidades do mundo e peixes aparecem mortos na praia.

Todos esses eventos, estão relacionados com estranhas pinturas rupestres que são encontradas em uma caverna oculta no coração da Amazônia (aquela onde Pedro caiu). De acordo com a lenda indígena, os eventos narram o apocalipse.

A narrativa do livro é bem detalhada e o autor consegue nos transportar para dentro dos lugares descritos.

Achei incrível inserir a cultura indígena em uma trama tão bem elaborada, é bem perceptível que o autor fez um cuidadoso trabalho de pesquisa. Os elementos estão perfeitamente inseridos na história e ao final tudo se encaixa.

Li devagar não apenas porque meu ritmo de leitura está mais lento, mas também para aproveitar melhor o livro.

Não gosto de comparar autor nacional com autor estrangeiro porque nem todos gostam, mas entre todos os autores que eu li, tanto nacionais quanto estrangeiros, Landulfo é o mais se aproximou ao Dan Brown. E como eu amo o Dan Brown, pode ser considerado um baita elogio.

O mistério, a utilização de lendas, pontas soltas que no final se alinham totalmente, são elementos que estão presentes em Sete Pinturas e que também fazem parte dos livros de Dan Brown.

E que final sensacional teve Sete Pinturas! Não imaginei em nenhum momento que a história teria aquele desfecho e a surpresa foi muito boa.

O início do livro pode parecer um pouco cansativo e arrastado, mas quando as histórias começam a se encaixar a gente percebe que todos os dados iniciais foram necessários.

A capa é linda e remete diretamente à gruta.

Em relação à narrativa e à capa eu não tenho o que reclamar, mas sinto muita falta de ter uma versão física do livro na minha estante.

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