Friendship never ends…

Eu sei que o dia do amigo foi semana passada, mas eu acho que não há um dia para homenagear quem amamos, seja amigos, familiares… Então com uma semana de atraso aqui vai minha singela homenagem com uma carta aos meus amigos (espero que vocês se identifiquem em algumas situações).
Primeiro aperte o play e ouça minhas músicas preferidas sobre a amizade.


Querid@ amig@,
Obrigada por todos nossos momentos de risadas, abraços, piadas internas, lágrimas, compreensão, telefonemas, mensagens, cartinhas, presentes, desentendimentos, brincadeiras, pagação de mico, programas furados…
Nem sempre sou uma boa amiga, nem sempre estou tão presente quanto gostaria, nem sempre te dei apoio ou meu ombro para você chorar. Desculpe-me por essas vezes. Sei que às vezes você veio com seus problemas querendo um conselho e tudo que eu fiz foi te ouvir e depois desabafar sobre algo que me aconteceu. Não foi egoísmo meu, foi meu jeito de te mostrar compaixão e dizer que te entendo. Desculpe-me se minhas intenções pareceram outras.
Lembra quando a gente ficava horas no telefone conversando e comendo brigadeiro de colher? Ou fazendo testes bobos para saber qual famoso era nossa “alma gêmea”? Eu me lembro e sinto falta das inúmeras horas dedicadas apenas à companhia de nós 2.
Lembra dos trabalhos chatos que fazíamos? E ficávamos até tarde na internet debatendo sobre ele e falando mal dos professores… E aquelas traduções bizarras?
E quando minha internet não funcionava e eu te passava a senha do meu e-mail para você abrir o arquivo e me passar (não troquei ela até hoje e continua tão idiota quanto era).
Lembra dos meus vídeos e minha promessa de ser a próxima superstar? Você estava lá para me apoiar, mesmo sabendo que tudo aquilo era tosco, besta e que com certeza floparia mais que o álbum da Nadine e a última música da Geri Halliwell.
Lembra de quando brincávamos de The Sims e criávamos histórias? E quando brincamos de “The Sims da Vida Real” (que nada mais era do que a criação de perfis fakes fabulosos). Riamos muito nessa época.
Lembra dos nossos sábados à noite que sempre eram iguais e sempre com os mesmos planos mirabolantes que nunca davam certo no final?
E nossos projetos que só funcionavam na primeira semana? Ainda os acho geniais, mas cadê o tempo de dedicarmos a eles de verdade? Teve nosso livro, nosso álbum, nosso site, nossa revista, nosso clipe, nossa encenação, nossa viagem para Londres… Vários sonhos na gaveta “para realizar”. Ainda podemos tentar um dia, mas acho que o tempo que ficamos planejando foi melhor do que se tivéssemos colocado todos em prática.
Lembra a primeira vez que nos encontramos? E em como tudo pareceu natural? Nossa conexão foi imediata e instantânea, parecia que sempre fomos amigos, logo vieram as primeiras gargalhadas e as primeiras trocas de segredos.
E os baphos que descobrimos? E os baphos que vivemos? E os baphos que não conseguimos parar de comentar?
Lembra daquele abraço que você me deu quando eu tomei um belo pé na bunda? Nunca vou me esquecer dele, foi tudo o que eu precisava naquele momento.
Lembra quando a gente trocava mensagens com internet 2G de madrugada (ou só com SMS quando eles custavam R$0,25 cada)? E o sinal péssimo, com internet lenta (e discada) que tenta nos impedir de trocar confidências? Ainda bem que nada disso foi um empecilho para nossas conversas. Você não imagina quanto aquelas conversas me alegravam, eram os melhores momentos do meu dia.
E cada vez que descobrimos coisas em comum e ainda ficamos impressionados?
Lembra das nossas conversas sobre comida e em como elas sempre nos dão fome? E em como a gente não consegue parar de pensar em comida? Vamos tomar um café? Ou vamos lanchar? Qual a próxima lanchonete precisamos experimentar?
E música. Já ouviu essa? O que você está ouvindo? Me passa? Preciso do arquivo daquele programa também. Me passa?
Aceita chocolate?
Nossa convivência tem altos e baixos. Nunca brigamos, mas já nos afastamos. Felizmente quando nos encontramos tudo parece igual.
Já falaram que a amizade é como o sol e que não precisa ser vista todo dia para saber que está lá e eu acredito nisso.
Também acredito em almas gêmeas, não no sentido romântico, de par perfeito e essas coisas, mas em pessoas que são nossas irmãs de alma e que estão pelo mundo, essas pessoas são os amigos. Amigos de verdade, aqueles que sabemos que podemos contar, aqueles que são como você.
Obrigada por ser minha alma gêmea.
Obrigada por compartilhar sua vida comigo. Obrigada por me deixar compartilhar minha vida com você.
Conte comigo sempre que precisar, afinal, friendship never ends, não é mesmo?
Com muito amor,
Poly

friendsfriends

Esse post foi um oferecimento Rotaroots, um grupo de blogueiros com propósito mais old school e voltado para conteúdo de qualidade. Conheça o grupo no Facebook.

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O caixão sozinho

O caixão sozinho
Chegou o carro da funerária com o caixão. Ele viajou muitos quilômetros, apenas o caixão e o motorista. Ninguém foi chorando junto ao corpo.
Ninguém se importou em velar o corpo. Ninguém chorou pelo corpo.
Ao chegar ao destino ninguém estava esperando pelo corpo.
No cemitério ninguém estava na capela.
Curiosos passavam e paravam para ver o corpo sozinho. Nos outros velórios havia familiares e amigos chorando pelo ente querido, mas ali não. Apenas o caixão sozinho.
Antes do caixão ser fechado não tinha ninguém para fazer uma oração. Não tinha flores para o corpo. Ninguém chorava pelo corpo, ninguém estava de luto.
As pessoas ao redor sentiam-se estranhas, quem era aquele corpo? Por que ninguém se importava? O que ela teria sido? Foi uma pessoa boa? Foi uma pessoa má? Vivia sozinha? Tinha família? Trabalhou? Teve amigos? Aproveitou a vida? Trabalhou? Estudou? Conheceu lugares incríveis? Viveu grandes aventuras? O que ela gostava de fazer? Como faleceu? Estava doente? Foi um mal súbito? Sofreu um acidente? Alguém a viu dando o último suspiro? Quem foi a última pessoa que falou com ela? Qual teria sido sua última refeição?
Ninguém saberia, o corpo frio no caixão não poderia responder àquelas perguntas e não havia ninguém ali para respondê-las.
O caixão foi fechado e levado pelo coveiro. Na cova fria ninguém deu o último adeus. Ninguém colocou uma flor em cima do caixão, ninguém viu a primeira pá de terra a ser jogada. Ninguém derramou a última lágrima.
O caixão chegou sozinho, foi velado sozinho e foi sepultado sozinho. Só o caixão e as pessoas da funerária. Nenhuma daquelas pessoas conhecia aquele corpo, só estavam fazendo o trabalho deles.
Agora não fazia diferença. O caixão estava novamente sozinho, mas embaixo da terra. Sozinho e esquecido. Aquela pessoa não existia mais, não poderia mais fazer diferença no mundo. O corpo em breve seria consumido e nada mais restaria. Nem a madeira do caixão, nem o corpo, nem a pessoa.
Sem deixar lembranças, sem deixar saudades, apenas mais um número para contabilizar dados estatísticos, que em breve também não teria relevância.

Texto fictício para se refletir sobre a brevidade da vida e em como podemos ser melhores. O que queremos para o futuro? O que estamos plantando? Com quem estamos nos relacionando? Como está nossa convivência social? O que podemos melhorar? Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. Poderia ser aquele aluno misterioso da escola, sem amigos e com um péssimo relacionamento com os pais. Aquele homem ambicioso que achava que o dinheiro comprava tudo e não mantinha nenhum relacionamento verdadeiro. Aquela mulher traída, deprimida, que se ausentou do mundo para chorar sua dor por anos e anos e deixou todos se afastarem. O viciado que saiu de casa e foi enterrado como indigente. A criança órfã de pai de mãe que vivia em um abrigo e ninguém teve tempo de fazer a última oração.
Muitas situações, uma única indagação: “por quê?”

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Coisas que ninguém te conta sobre a ansiedade

garota-ansiedade
Ser ansioso é uma droga. Somos ansiosos 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem intervalo comercial, pausa para um café ou tempo de ir ao banheiro.
Não tem como evitar. Não existe um botão liga e desliga para esta função. Não é nossa culpa sermos ansiosos, nosso organismo produz uma substância em excesso. O tempo todo tem adrenalina sendo jogada na nossa corrente sanguínea. Estamos preparados para correr do perigo o tempo todo.
Um perigo que não existe, pode não existir e não tem chances de acontecer.
Vamos querer carregar o mundo com a gente se pudermos. Vai que no meio do Caribe apareça uma situação catastrófica em que precisemos urgentemente de uma capivara vestida de palhaço. Nunca se sabe…
Somos imediatistas. Queremos e agora. Estou escrevendo este texto de madrugada, na cama, com o celular na mão. Porque eu sei que se eu não escrever meu mundo vai parar e meu cérebro só vai desativar a função “escrever post sobre ansiedade” quando eu escrever.
Não tem como mudar. Tem tratamento e medicamentos para reduzir a ansiedade, mas ela é uma amiga fiel e quando decide ficar junto é para a vida inteira.
Com o passar do tempo aprendemos métodos para controlar e a conviver a ansiedade. Cada um tem seu método. Vivemos em uma gangorra tentando mante-la equilibrada.
Para diminuir a ansiedade eu tento me organizar meticulosamente. Papel, caneta, agenda e Evernote fazem parte do meu dia. Aprendi que se eu manter todas as tarefas e compromissos anotados eu consigo relaxar por um tempo. Eu sei que eu não vou conseguir voltar a dormir se eu lembrar as 4h da manhã que acabaram as gotas de chocolate belga que eu uso para fazer cookies especiais que eu como no dia 29 de fevereiro (e nem estamos em ano bissexto). Então eu anoto a informação e meu cérebro fica com a falsa impressão que resolveu o problema. Pronto, sono tranquilo novamente.
Rotina é meu chão. É tudo de mais sagrado que possa existir na minha vida. Eu preciso saber o que eu vou fazer naquele ano, naquele mês, naquela semana, hoje e amanhã, a cada hora do dia. Fazer nada entra na minha agenda e eu organizo o fazer nada como uma atividade extremamente importante. Me ligar e perguntar o que estou fazendo e me convidar para de casa ou passar aqui porque estou fazendo nada acaba com meu dia. Meu plano era fazer nada sozinha, não tinha um estranho que brotou do chão no meio do meu fazer nada. Mas claro que a gente não vai dizer na cara da pessoa para ela desaparecer (por mais que a gente queira), vamos fingir que está tudo bem e reprogramar a rota.
Evitamos situações fora da rotina porque odiamos o elemento surpresa. O elemento surpresa é ruim, envolve o desconhecido, joga mais adrenalina no sangue e não precisamos de mais, obrigada. Às vezes fingimos que estamos distraídos ou olhando para outro lado só para não cumprimentar um conhecido na rua. Não quer dizer que metidos, nem que não gostamos da pessoa, só que a gente não quer ter o trabalho de mudar a rota novamente. Não estava no meu plano de ir na padaria encontrar com o vizinho no portão. Não me planejei para esta conversa, nem fiz o roteiro dos assuntos que podemos conversar, o que de tão mal eu fiz para ele surgir no meu caminho e acabar com todo meu planejamento do dia?
Não, eu não quero sair da rotina. Isso não quer dizer que eu estou trabalhando ou estudando demais, nem que eu esteja deprimida. Significa apenas que eu preciso me planejar e incluir saídas da rotina na agenda. Não é que eu não queira sair com você sábado ou “dar um pulinho no shopping” hoje à tarde. Eu quero, mas mudar minha programação em cima da hora vai me deixar ainda mais ansiosa.
O outro lado da ansiedade é quando a gente fica “em cima” da pessoa querendo saber se ela quer sair com a gente e por que a demora para responder. Não é carência, nem demonstração de muito interesse. É necessidade. Não quero que você confirme mais tarde com seu primo se ele vai te emprestar o carro para gente sair. Preciso que você confirme isso agora e pare de me matar lentamente.
Os ansiosos pensam demais. O tempo todo estamos pensando, não paramos de pensar e de analisar fatos nunca. Repassamos mentalmente todos os momentos constrangedores da nossa vida o tempo todo. Sim, lembramos do tombo no meio da escola no ensino fundamental, da professora cantando parabéns na sala de aula do ensino médio e todo mundo rindo do mico, da trombada com o desconhecido que quase o matou, do atropelamento da moça no meio do supermercado, do motorista que gritou porque a passagem não foi paga, da questão errada na primeira prova da faculdade que impediu a nota máxima. Todos são revistos sem que a gente queira.
Sabe as conversas que a gente teve? São todas repassadas mil vezes. Procuramos por erros e deslizes em todas as frases. Sempre achamos que fizemos algo de errado quando o relacionamento não deu certo e procuramos entender onde foi esse erro. Foi por que eu falei torta ao invés de quiche? Acho que eu não deveria ter comentado que eu gosto de dias frios. Com certeza ele não ligou mais porque eu usei um salto baixo, se estivesse de salto alto ele me ligaria.
Nossa vida nunca seria um filme. Seria uma peça teatral com milhões de ensaios e cenas repassadas exaustivamente (mas sem improvisações).
Odiamos “te conto depois” (por quê? se começou conta logo) “preciso falar com você” (o que eu fiz?) “venha até aqui” (por que eu? por que agora?) “telefone para você” (não me avisaram que iam me ligar. quem está me ligando? por que estão me ligando? o que querem comigo?) e “saiu para entrega” (eu quero e quero agora. me dá logo? tá demorando por quê?).
Por favor, se você conhece um ansioso não deixe-o criar expectativas. Fale logo o que você quer. Privilegiamos a sinceridade.
Não crie elementos surpresa, somos organizados e precisamos de organização.
Não diga para ele relaxar um pouco e parar com a ansiedade. Não queremos ser ansiosos, adoraríamos deixar de ser, mas não temos culpa. Não adianta gritar para o nosso cérebro relaxar, é inútil. Mandar um ansioso relaxar é o mesmo que pedir para uma mulher morrendo de cólica parar de sentir dor. Não funciona assim, colega.
Prefira enviar mensagens, telefonemas geralmente não são bem-vindos.
E por fim, aceite-o assim e goste dele apesar de toda essa bizarrice. Se ele é seu amigo ou gosta de você ele sempre vai voltar. Entenda apenas que precisa ser no tempo dele.
Eu juro que não mordemos (os outros, o nosso próprio maxilar não conta como mordida).

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