Livro: Após a tempestade

apos a tempestadeKaren White
(4/5)
Editora Novo Conceito
2013
416 páginas

Sinopse: Quando Julie tinha 12 anos, sua irmã mais nova desapareceu e nunca mais foi encontrada. Uma perda que corroeu os laços familiares e deixou sua mãe obcecada pela busca da irmã. Já adulta e com um prestigiado emprego, Julie conhece Monica, que a faz lembrar muito de sua irmã desaparecida há 17 anos. Elas se tornam melhores amigas, uma amizade que começa como um processo de cura para Julie. No entanto, uma fatalidade abate a amizade e Julie se vê responsável pelo filho de Monica. Ela decide levar o menino para Biloxi, Mississippi, para encontrar a família que ele não conhecera. A partir dessa viagem, Julie descobrirá segredos que estão ligados a sua família e seu passado…

Opinião: Assim que peguei o livro e comecei a ler e vi que a história se passa logo após o Katrina, achei que seria triste, mostrando situações devastadoras, mas não.
O livro fala de acontecimentos tristes, tem muitos dramas, mas nada de nos fazer derramar rios de lágrimas. Há várias histórias de superação e lições muito boas a serem aprendidas com os personagens.
Após a morte da melhor amiga, Julie se torna tutora de seu filho e recebe como herança a chave de uma casa em Biloxi, Mississippi e um quadro. Ela então deixa toda sua vida em Nova York e vai com o garotinho Beau, de 5 anos para lá. Sua surpresa foi que ao chegar no lugar não havia mais nada, apenas escombros e um velho carvalho no terreno. Tudo tinha sido devastado pelo Katrina.
Julie então conhece a família de Monica, Aimee, sua avó e Trey, seu irmão. Juntos eles tentam entender porque Monica saiu de casa e abandonou a família 10 anos atrás, sem nunca mais ter feito contato com eles. Para tentar entender o mistério de Monica, Aimee começa a contar a história de sua vida, que também tem relação com o passado da vida de Julie e a partir daí o livro é narrado pelas duas personagens: Julie e Aimee.

– Eu? Reconstruir? – balancei a cabeça negativamente. – Primeira coisa contra: não sei nada sobre construção ou reconstrução. E, segunda: já esteve lá? Viu como está? São tantos os que não voltaram ou que não reconstruíram, eu entendo completamente. Por que investir tanto tempo e dinheiro se cada temporada de furacões significa uma nova ameaça?
Aimee me fitou fixamente com aquele olhar azul.
– Por que levantar arranha-céus em São Francisco que podem vir abaixo em um terremoto? Por que construir fazendas no Kansas ou em Oklahoma que podem ser varridas por um tornado? – Ela bufou, o que pareceu tão improvável para uma senhora idosa elegante que quase caí na risada. – Para onde queriam que fôssemos, afinal? Eu acho que, se ainda respiramos, temos de continuar. Portanto, nós reconstruímos. Começamos tudo de novo. É exatamente o que fazemos. Imagino que era isso que ela desejava para o Beau: um sentimento de pertencimento, de ter um lugar para o qual voltar, estivesse onde estivesse. Um lugar para ele chamar de lar por senti-lo assim, respirá-lo. Saboreá-lo.
Pág. 63

Cada capítulo é iniciado com uma citação ou provérbio.
Os personagens são bem intensos e passaram por situações intensas e devastadoras, o que nos faz parar para refletir a todo momento. Gostei muito do modo como Julie amadurece ao longo da história e as concessões que ela faz para dar o melhor para Beau.
Os mistérios são revelados em doses homeopáticas, o que nos dá ânimo para ler só mais (e mais um e mais um) capítulo antes de dormir.
O livro não acaba por completo na última página. Há várias indagações e mistérios não resolvidos que ficaram para a continuação, o que eu achei péssimo, pois acreditava que o livro terminaria ali mesmo e fui toda ansiosa para ler até a última página e descobrir que ainda tem uma continuação.
No final do livro tem tem algumas perguntas sobre a história. Várias delas bem reflexivas, mas eu aconselho apenas ler essa parte depois de acabar o livro, pois tem alguns spoilers nas perguntas.
Apesar de ter demorado décadas para terminar a leitura, gostei bastante e super recomendo.

Continue Reading

Livro: A pousada Rose Harbor

roseharborDebbie Macomber
(5/5)
Editora Novo Conceito
2013
349 páginas

Sinopse: Jo Marie Rose decide comprar uma pequena pousada, como forma de superar a morte do marido. Mal sabe ela que as surpresas que a esperam nessa nova empreitada. Seu primeiro hóspede é Joshua Weaver, que voltou para casa para cuidar de seu padrasto doente. Os dois nunca se entenderam, contudo, Joshua tem alguma esperança de que possam conciliar suas diferenças. No entanto, uma habilidade de Joshua há muito perdida prova que o perdão nunca está fora de alcance e que o amor pode florescer onde menos se espera.
A outra hóspede é Abby Kincaid, que retorna a Cedar Cove para comparecer ao casamento do irmão. De volta pela primeira vez em 20 anos, ela quase deseja não ter ido, devido às memórias trazidas pela pitoresca cidade. E conforme Abby se reconecta com sua família e seus velhos amigos, percebe que só pode seguir em frente se permitir-se verdadeiramente a isso.

Opinião: No dia que peguei esse livro para ler eu estava em um clima desanimado e achei que essa leitura não poderia render tanto, pois a temática era um pouco triste, mas eu me surpreendi com na linguagem clara e gostosa.
Jo Marie é uma viúva que compra uma pousada em uma pequena cidade e decide recomeçar sua vida, sem nunca ter trabalho no meio. E ela não é uma pessoa depressiva e que fica o tempo todo se lamentando, pelo contrário, ela se mostra bastante serena e disposta a seguir com sua vida e dar o seu melhor nessa nova empreitada.
Além dos hóspedes, Jo Marie também se relaciona com comerciantes, prestadores de serviços e outras pessoas de Cedar Cove. Todas se mostram bastante simpáticas e dispostas a ajudá-la, menos Mark, um faz tudo que é conhecido como Mister Simpatia, que pode ser qualquer coisa, menos simpático.

Mark se levantou quando voltei. O gesto me surpreendeu. Eu não estava acostumada com esse tipo de comportamento antiquado, mas gentil, nos homens. Quem sabe ele estivesse apenas tentando causar uma boa impressão para conseguir o serviço. O que seria uma contradição com sua aspereza.
P. 109

Posso dizer que me decepcionei muito com o Mark, achei que ele fosse ter uma participação maior na história, mas não foi isso que aconteceu. Cheguei a ultima página com a mesma curiosidade que tinha sobre ele desde o primeiro capítulo e que ele apareceu.
Os capítulos eram alternados entre os personagens, ora abordava Jo Marie, ora os hóspedes. Achei interessante que todos estavam em Cedar Cove para curar alguma dor do passado e a pousada era o elo que ligava todos eles.

— Fico feliz que o casamento tenha trazido você de volta a Cedar Cove. Estou pensando que esse almoço com Patty e outras talvez possa ajudar você a conseguir a paz de espírito de que precisa.
P. 125

Os dois tinham voltado com fardos nas costas a Cedar Cove, seu antigo lar. Mas eu mesma carregava vários. Percebi que cada um de nós leva sua carga, alguns mais que outros. Algumas pessoas ficam tão acostumadas ao peso extra que parecem não ter mais consciência essa bagagem. Senti um impulso de ajudar meus hóspedes, mas não tinha certeza se e como poderia ajudá-los – ou mesmo se deveria tentar. Talvez eles tivessem vindo à Pousada Rose Harbor para poderem me ajudar.
P. 190

Além da leitura ser gostosa, o livro possui uma diagramação muito bonita, com detalhes de flores nos capítulos e nas laterais das páginas.
A capa é bem bonita, mas não achei que ficou muito condizente com a narração que Jo Marie fez da placa que queria, talvez se fosse como ela tivesse descrito teria ficado mais harmônica. Mesmo assim gostei das cores usadas e do alto-relevo no título (já disse que eu adoro isso?).

Continue Reading

Livro: O eterno Barnes

oeternobarnesSalustiano Luiz de Souza
(4/5)
Editora Novo Século
2013
248 páginas

Sinopse: Doutor Barnes, um famoso neurocirurgião, começa a desenvolver na Universidade onde trabalha uma pesquisa científica tentando transformar os dados do cérebro em arquivos de dados, codificando-os de modo que possam ser copiados. Com o avanço da pesquisa, acaba conseguindo copiar para o computador todos os dados de memória que formam o ser humano, como suas experiências, suas emoções, suas recordações, enfim, sua vida. Deslumbrado com a descoberta, começa a perceber que estes arquivos possuem uma estrutura totalmente diferente e uma sinfonia divina, e começa a ficar obcecado pela ideia de que seja possível copiar cérebros de um paciente para outro. Ao contrário do que deveria ocorrer, Barnes, cada vez mais, esconde suas pesquisas, pois seu objetivo passa a ser implantar seu próprio cérebro em outro paciente, mais jovem e sadio, pois está acometido de uma séria doença. Busca, desta forma, alcançar a tão almejada eternidade. Para isto, não mede as consequências de seus atos, que passam a ser justificados pela ambição que lhe domina. Conseguirá Barnes o seu intento?

Opinião: Fiquei bastante curiosa ao ler a sinopse e não sabia direito o que esperar de um livro tão ímpar.
A história é tão interessante quanto parece e o enredo se passa todo no Brasil, na Universidade de Santa Catarina. Lá, o Doutor Barnes, desenvolve, em segredo, uma grandiosa pesquisa que poderá eternizar a mente humana.
Antes de ler, até imaginei algo estilo Dan Brown, mas é completamente diferente.
Achei que em algumas partes há divagações e ideias filosóficas demais. Um pouco mais de objetividade daria mais ritmo à história, mas por outro lado também gostei das indagações.

Olhava aquele pequeno cérebro de macaco e percebia que a anatomia era quase igual à do homem, quase nada a diferenciava dos demais primatas. Por que então o homem acreditava que tivera este privilégio de ser diferente? Único, de ser moldado, formatado por mãos divinas, se era semelhante a qualquer outro ser vivo? Algo estava errado nessa história.
P. 37

Não sei se foi só comigo, mas achei a veia jurídica do Salustiano bem evidente. Vários trechos e frases foram escritos de uma forma que só advogados conseguem, mesmo ele não ter usado jargão ou frases em juridiquês a estruturação da frase era típica. Para mim não prejudicou a leitura ou o entendimento da história, mas depois de eu ter aulas e mais aulas de Direito e ler livros das disciplinas e textos de lei minha mente queria outra coisa, sabe?

Realmente, Barnes já não tinha mais sentimento de culpa. Já não se importava mais com aquelas vidas. Seu projeto, agora já bem consistente, não podia deixar testemunhas, e esta decisão não comportava sentimentos. Desenvolvera a filosofia do parasita e parasita não pode se preocupar com a sorte do hospedeiro. Pobre Lourdes.
P. 93

Em outros momentos, principalmente na fala dos personagens, achei tanto a linguagem quanto a forma de expressão um pouco parecida com a do André Vianco.
De um modo geral, gostei do livro. Me surpreendi bastante com o final e o rumo dos personagens! Nunca imaginei que nada daquilo poderia acontecer. Um trabalho muito bom para o primeiro livro do autor.
Por ter um número razoável de páginas, dá para ser lido em um único dia.
Gostei muito do trabalho da Novo Século na diagramação e design da capa do livro. É um ótimo trabalho de incentivo aos novos autores.

Estranho, pensava Tatiana, como pode a gente gostar tanto de se expor ao perigo? Andamos em montanhas-russas, despencamos em elevadores, pulamos ded bungee jump, mergulhamos nas profundezas de cavernas submarinass, fazemos mil coisas perigosas só para ter essa sensação de liberdade.
P. 219

Continue Reading