Coisas que ninguém te conta sobre a ansiedade

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Ser ansioso é uma droga. Somos ansiosos 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem intervalo comercial, pausa para um café ou tempo de ir ao banheiro.
Não tem como evitar. Não existe um botão liga e desliga para esta função. Não é nossa culpa sermos ansiosos, nosso organismo produz uma substância em excesso. O tempo todo tem adrenalina sendo jogada na nossa corrente sanguínea. Estamos preparados para correr do perigo o tempo todo.
Um perigo que não existe, pode não existir e não tem chances de acontecer.
Vamos querer carregar o mundo com a gente se pudermos. Vai que no meio do Caribe apareça uma situação catastrófica em que precisemos urgentemente de uma capivara vestida de palhaço. Nunca se sabe…
Somos imediatistas. Queremos e agora. Estou escrevendo este texto de madrugada, na cama, com o celular na mão. Porque eu sei que se eu não escrever meu mundo vai parar e meu cérebro só vai desativar a função “escrever post sobre ansiedade” quando eu escrever.
Não tem como mudar. Tem tratamento e medicamentos para reduzir a ansiedade, mas ela é uma amiga fiel e quando decide ficar junto é para a vida inteira.
Com o passar do tempo aprendemos métodos para controlar e a conviver a ansiedade. Cada um tem seu método. Vivemos em uma gangorra tentando mante-la equilibrada.
Para diminuir a ansiedade eu tento me organizar meticulosamente. Papel, caneta, agenda e Evernote fazem parte do meu dia. Aprendi que se eu manter todas as tarefas e compromissos anotados eu consigo relaxar por um tempo. Eu sei que eu não vou conseguir voltar a dormir se eu lembrar as 4h da manhã que acabaram as gotas de chocolate belga que eu uso para fazer cookies especiais que eu como no dia 29 de fevereiro (e nem estamos em ano bissexto). Então eu anoto a informação e meu cérebro fica com a falsa impressão que resolveu o problema. Pronto, sono tranquilo novamente.
Rotina é meu chão. É tudo de mais sagrado que possa existir na minha vida. Eu preciso saber o que eu vou fazer naquele ano, naquele mês, naquela semana, hoje e amanhã, a cada hora do dia. Fazer nada entra na minha agenda e eu organizo o fazer nada como uma atividade extremamente importante. Me ligar e perguntar o que estou fazendo e me convidar para de casa ou passar aqui porque estou fazendo nada acaba com meu dia. Meu plano era fazer nada sozinha, não tinha um estranho que brotou do chão no meio do meu fazer nada. Mas claro que a gente não vai dizer na cara da pessoa para ela desaparecer (por mais que a gente queira), vamos fingir que está tudo bem e reprogramar a rota.
Evitamos situações fora da rotina porque odiamos o elemento surpresa. O elemento surpresa é ruim, envolve o desconhecido, joga mais adrenalina no sangue e não precisamos de mais, obrigada. Às vezes fingimos que estamos distraídos ou olhando para outro lado só para não cumprimentar um conhecido na rua. Não quer dizer que metidos, nem que não gostamos da pessoa, só que a gente não quer ter o trabalho de mudar a rota novamente. Não estava no meu plano de ir na padaria encontrar com o vizinho no portão. Não me planejei para esta conversa, nem fiz o roteiro dos assuntos que podemos conversar, o que de tão mal eu fiz para ele surgir no meu caminho e acabar com todo meu planejamento do dia?
Não, eu não quero sair da rotina. Isso não quer dizer que eu estou trabalhando ou estudando demais, nem que eu esteja deprimida. Significa apenas que eu preciso me planejar e incluir saídas da rotina na agenda. Não é que eu não queira sair com você sábado ou “dar um pulinho no shopping” hoje à tarde. Eu quero, mas mudar minha programação em cima da hora vai me deixar ainda mais ansiosa.
O outro lado da ansiedade é quando a gente fica “em cima” da pessoa querendo saber se ela quer sair com a gente e por que a demora para responder. Não é carência, nem demonstração de muito interesse. É necessidade. Não quero que você confirme mais tarde com seu primo se ele vai te emprestar o carro para gente sair. Preciso que você confirme isso agora e pare de me matar lentamente.
Os ansiosos pensam demais. O tempo todo estamos pensando, não paramos de pensar e de analisar fatos nunca. Repassamos mentalmente todos os momentos constrangedores da nossa vida o tempo todo. Sim, lembramos do tombo no meio da escola no ensino fundamental, da professora cantando parabéns na sala de aula do ensino médio e todo mundo rindo do mico, da trombada com o desconhecido que quase o matou, do atropelamento da moça no meio do supermercado, do motorista que gritou porque a passagem não foi paga, da questão errada na primeira prova da faculdade que impediu a nota máxima. Todos são revistos sem que a gente queira.
Sabe as conversas que a gente teve? São todas repassadas mil vezes. Procuramos por erros e deslizes em todas as frases. Sempre achamos que fizemos algo de errado quando o relacionamento não deu certo e procuramos entender onde foi esse erro. Foi por que eu falei torta ao invés de quiche? Acho que eu não deveria ter comentado que eu gosto de dias frios. Com certeza ele não ligou mais porque eu usei um salto baixo, se estivesse de salto alto ele me ligaria.
Nossa vida nunca seria um filme. Seria uma peça teatral com milhões de ensaios e cenas repassadas exaustivamente (mas sem improvisações).
Odiamos “te conto depois” (por quê? se começou conta logo) “preciso falar com você” (o que eu fiz?) “venha até aqui” (por que eu? por que agora?) “telefone para você” (não me avisaram que iam me ligar. quem está me ligando? por que estão me ligando? o que querem comigo?) e “saiu para entrega” (eu quero e quero agora. me dá logo? tá demorando por quê?).
Por favor, se você conhece um ansioso não deixe-o criar expectativas. Fale logo o que você quer. Privilegiamos a sinceridade.
Não crie elementos surpresa, somos organizados e precisamos de organização.
Não diga para ele relaxar um pouco e parar com a ansiedade. Não queremos ser ansiosos, adoraríamos deixar de ser, mas não temos culpa. Não adianta gritar para o nosso cérebro relaxar, é inútil. Mandar um ansioso relaxar é o mesmo que pedir para uma mulher morrendo de cólica parar de sentir dor. Não funciona assim, colega.
Prefira enviar mensagens, telefonemas geralmente não são bem-vindos.
E por fim, aceite-o assim e goste dele apesar de toda essa bizarrice. Se ele é seu amigo ou gosta de você ele sempre vai voltar. Entenda apenas que precisa ser no tempo dele.
Eu juro que não mordemos (os outros, o nosso próprio maxilar não conta como mordida).

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Livro: Um passo em falso

UM_PASSO_EM_FALSOHarlan Coben
(5/5)
Editora Arqueiro
2014
271 páginas

Sinopse: Ainda jovem, Myron Bolitar contou com a ajuda do treinador Horace Slaughter para começar a jogar basquete. O relacionamento dos dois era como o de pai e filho, mas com o tempo eles perderam contato e Myron abandonou o esporte.
Dez anos depois de ver Horace pela última vez, Myron conhece Brenda, filha do antigo amigo e uma bela estrela do basquete. Trabalhando como agente de atletas, ele poderá fechar um contrato valioso com a jogadora se descobrir o paradeiro de Horace, que sumiu repentinamente após agredi-la. Desde então, Brenda começou a receber ameaças por telefone e a ser seguida. Myron não acredita na culpa do amigo e resiste a ser guarda-costas da moça, mas acaba cedendo.
Determinada a não fazer papel de donzela indefesa, Brenda provoca uma atração irresistível em Myron, que vive um relacionamento amoroso debilitado. Porém, existe entre eles um abismo de corrupção e mentiras, além de segredos pelos quais muitos arriscariam a vida.
Mesmo contra o bom senso, Myron segue investigando o caso. Disposto a conquistar o coração de Brenda, ele está ciente de que um passo em falso pode acabar matando os dois.

Opinião: Estava com uma baita ressaca literária, cansada e desmotivada para iniciar minhas leituras de 2015, então peguei um livro do Harlan Coben, porque eu tinha quase certeza de que não iria me decepcionar e me incentivaria a ler mais e mais. E eu não poderia estar mais certa.
Forcei o início da leitura porque eu estava esgotada mesmo (cansada de tanto limpar e organizar a casa), mas poucas páginas depois já estava tão viciada no livro que eu nem me lembrava mais do motivo pelo qual eu estava hesitando tanto para iniciar minhas leituras.

Havia um grande sentimento de inocência, faz de conta, juventude, paixão estonteante. Mas também havia a beleza da universidade: estudantes discutindo temas relativos à vida e à morte num ambiente isolado como a Disney.
P. 31

Myron Bolitar está de volta para solucionar mais um (possível) crime. Seu antigo treinador Horace Slaughter está desaparecido e ele foi procurado por dois motivos: o primeiro, encontrar Horace e o segundo, cuidar para que a integridade de Brenda, filha de Horace, fosse mantida.
Além de investigador, Myron também é agente de atletas e em seu primeiro contato com Brenda ele se passa por isso mesmo, mas como ele não é bom com mentiras, logo ele conta a verdade para Brenda sobre seu papel. Brenda inicialmente não fica feliz por ter um “guarda-costas”. Ela é uma bela jogadora de basquete e estudante de medicina. Ela também é bem feminista e acha a atitude protetora de Myron bastante sexista e resiste um pouco, mas como Myron é um velho amigo de seu pai, ela acaba cedendo.
Myron então começa a investigar o desaparecimento de Horace e começa a perceber ligações entre o treinador e uma família de políticos poderosos.

Era tudo muito agradável, o que não era o mesmo que feliz. Uau, profundo. Quem sabe da próxima vez Myron conclua que dinheiro não traz felicidade?
P. 89

Quando Horace desapareceu Brenda começou a receber ligações ameaçadoras e em uma delas a pessoa do outro lado da linha pede para que ela encontre sua mãe. A mãe de Brenda desapareceu há 20 anos. Ela sacou todo o dinheiro de Horace e desapareceu no mundo, deixando para trás o marido e a única filha, com então 5 anos.
Brenda não se recorda da mãe e não faz a menor ideia de como encontra-la. Myron deste modo fica com a missão de encontrar o pai e a mãe da moça.
Quando Myron começa a investigar o desaparecimento da mãe de Brenda ele começa a descobrir segredos de uma família de poderosos políticos. E também percebe que Horace também chegou a essas pessoas antes de desaparecer.
Os fatos estão todos desconexos e há grandes falhas nas conclusões das investigações. O livro nos instiga a seguir uma linha de pensamento e tentar analisar apenas o que está escrito, mas para desvendar o mistério é necessário ler nas entrelinhas.

Os pais a haviam abandonado, ela não tinha irmãs nem irmãos. Como uma pessoa se sente numa situação dessas?
P. 124

Confesso que fiquei realmente chocada com o final. Precisei reler umas 2 ou 3 vezes para ter certeza de que aquilo tinha realmente acontecido. Nunca chegaria àquelas conclusões sozinha (pois é, sou uma péssima investigadora).
Deu para perceber que a estória é ótima e envolvente, né? Eu não conseguia parar de ler e praticamente fiquei uma madrugada acordada só lendo “mais um capítulo” (nunca é mais um, é sempre mais 2 ou 3 – ou o livro todo).

De vez em quando você simplesmente dá sorte.
P. 140

Além de toda parte policial cheia de ação, suspense e investigação há também uma parte de romance. Não é o forte do Harlan Coben falar sobre romance, mas Myron Bolitar é um cara sensível e romântico. Myron está morando com sua namorada, Jessica, mas ela se mantém distante e não é isso que ele quer em um relacionamento. Ele quer uma mulher ao seu lado, casamento, filhos, uma casa com cerca branca na frente e um cachorro correndo no quintal. Ela ainda não está pronta para isso e essa situação estremece a relação entre eles. Por outro lado, ele fica cada vez mais próximo de Brenda, que além de ser uma negra belíssima também corresponde às suas expectativas românticas.

Não havia ameaça em seu tom de voz, apenas o timbre bombástico e doloroso da inevitabilidade.
P. 160

O livro é narrado em terceira pessoa, o que é ótimo em livros policiais pois assim temos uma visão geral da situação e não apenas do personagem que conta a história. E possui a mesma linguagem simples e objetiva do Sr. Coben.
Myron Bolitar continua sagaz e cheio de humor irônico. Não tem como não gostar da personalidade sarcástica e bem humorada de Bolitar, ele é apaixonante.
A capa do livro tem tudo a ver com a história. O basquete tem toda relação do mundo com o livro e ficou bem legal a foto da capa. O miolo é simples, com um capítulo após o outro, sem a minha “frescura” de capítulos começando na página da direita. Mas sabe que em livros tão emocionantes assim acho que é melhor o capítulo ser depois do outro independentemente da página em que começa. A leitura vai mais rápido quando a gente não precisa virar a página para continuar na ação. Eu nunca tinha me ligado neste detalhe até este livro (desculpa, gente, às vezes fico tão ligada neste meu TOC que nem vejo a praticidade da coisa).
Se vale à pena ler? MAS É CLARO! E ainda entra na lista de favoritos do ano (e o ano só está começando…). Harlan Coben nunca decepciona :)

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Segunda Pop: Happy birthday, Melanie C!

melanie_c
Hoje é aniversário de uma Spice Girl e como eu nunca fiz uma playlist com músicas dela aqui resolvi aproveitar a data e prestar a homenagem.
Melanie Chisholm, mais conhecida como Melanie C ou Mel C é uma cantora britânica (beijos pro Reino Unido por ter nos dado essa linda) que ficou mundialmente conhecida após integrar as Spice Girls, como a Sporty Spice. Mas as músicas solo dela são as melhores, tanto que ela foi a única ex-Spice a continuar vivendo de música e emplacar singles nas paradas musicais.
Como a Melzinha não era minha Spice preferida a carreira solo dela nunca foi meu foco, confesso que eu ouvia mais as músicas e assistia aos shows em companhia dos meus amigos Spice Force 6, sozinha eu tinha preguiça de correr atrás e baixar os vídeos.
Mas hoje eu deixei a preguiça de lado, relembrei os bons momentos de fã e fiz uma seleção de músicas da Mel C para curtir este dia especial.
Espero que gostem :D

Melanie C by Poly on Grooveshark

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